Lula: ‘Bolsonaro é a velha política, eu sou a nova’
Ex-presidente ainda insistiu, durante a entrevista, que a prisão dele e o impeachment de Dilma Rousseff estariam ligados a um movimento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Por Juliana Almirante
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contestou, em entrevista ao The Intercept, o discurso contra a “velha política” defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Ele foi questionado pelo jornalista Glenn Greenwald se o PT teria construído o neoliberalismo, depois de o ex-presidente creditar a vitória de Bolsonaro ao fracasso da doutrina econômica.
“No meu governo, no meu governo eu nunca disse que era um governo socialista. Primeiro, quando você ganha uma eleição, você tem que estabelecer qual é a correlação de forças que você vai ter para você poder executar as tuas políticas. É importante lembrar, querido Glenn, que quando eu fui eleito presidente da República num parlamento de 513 deputados, eu tinha 91 deputados. O Collor… o Bolsonaro, tem 50. Ele vai precisar, muito mais do que eu, construir uma correlação de forças favorável para aprovar as coisas que ele quer. Não adianta ficar dizendo “a velha política”, a “velha política” é ele! Ele é um cara que teve 28 anos de mandato. Ele é a velha política, eu sou a nova”, afirmou.
‘Acordo’ com os EUA
O ex-presidente ainda insistiu, durante a entrevista, que a prisão dele e o impeachment de Dilma Rousseff estariam ligados a um movimento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Ele sugeriu que o jornalista investigasse uma denúncia de um suposto acordo dos EUA em que o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol estava “pegando” R$ 2,5 bilhões para a operação brasileira.
“Olha, eu tenho clareza, Glenn, eu tenho clareza de que tudo o que aconteceu neste país em função da Lava Jato foi para impedir que o Lula fosse candidato à Presidência da República. Hoje, eu tenho muita clareza, da mesma forma que eu tenho clareza de que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos está por trás disso”, disse Lula.
O petista evitou responder se tem provas da denúncia. “Eu tenho só convicção, né, por tudo. Da mesma forma que eu tenho, sabe, hoje muita certeza de que o pré-sal está envolvido em tudo o que aconteceu comigo e com a Dilma. Ou seja, o golpe, a minha prisão, as denúncias…”, continuou.
Ele afirmou que o PT chegou a oficializar a denúncia contra Dallagnol ao Conselho Nacional do Ministério Público, mas duvidou que será levada à frente.
“Ou seja, eu estou condenado sem ter nenhum fundo, sem ter nenhum dólar, nenhum real e ele está livre, está tentando pegar R$ 2,5 bilhões. Nós fizemos a denúncia ao Conselho Nacional do Ministério Público. Sabe quem vai julgar? O Conselho. O Conselho tem quem? Oito membros do Ministério Público. Então, o resultado qual vai ser? Qual é a dúvida?”, declarou.
Fonte: Metro 1