Opinião – Como nasce um mito?
[*] Adalberto Vasconcelos Andrade
O Brasil está carente de boas referências no meio político. De pessoas com coragem de enfrentar o sistema. De um nome de peso que fale a linguagem do povo – que diga o que ele quer ouvir -, e que devolva a esperança de um futuro promissor para o país.
Hoje, ninguém representa melhor os anseios do povo brasileiro que o capitão Jair Messias Bolsonaro. O sentimento do cidadão brasileiro é de total abandono, de carência e sem nenhuma perspectiva de dias melhores – a curto, médio e longo prazo.
Tudo isso que está acontecendo no Brasil me fez voltar ao passado e à minha adolescência na pequena cidade de Martinópolis, no interior do oeste paulista – onde morei e estudei até os 18 anos. Tudo por causa de uma frase que ouvi de um amigo de infância – e lá se vão 40 anos -, que continua atual e mais viva do que nunca em minha memória.
Claro que na época não estávamos discutindo política – nem sabia ao certo o que era isso, apesar de ter na grade escolar a disciplina OSPB – Organização Social da Política Brasileira.
Meu amigo era fã incondicional do grupo Queen – e do magistral vocalista Freddie Mercury -, e de cada 10 palavras pronunciadas, 11 eram sobre o cantor, a banda e os seus sucessos. Aquilo tudo me incomodava.
Um certo dia, eu já de saco cheio com tamanha alienação – ou fanatismo -, cortei seu entusiasmo com uma pergunta na esperança de que ele se tocasse e desse um tempo no Queen lá dele.
Por que os jovens de um modo em geral ficam alucinados quando se referem a seus ídolos – a ponto de chorar copiosamente durante um show, subir no palco ou cometer loucuras pelo simples desejo de poder tocá-los -, se tudo não passa de ilusão?
Ele, com sua paciência de monge tibetano, olhou bem em meus olhos e disse: “Estranho ouvir isso de você. Achei que fosse mais inteligente”. E arrematou: “Adalberto, sem os ídolos a juventude fica sem perspectiva de vida”. Luciano Costa é o nome dele.
Mas aonde eu quero chegar com tudo isso? No mito. O povo brasileiro está órfão de boas referências da classe política – salvo raras exceções. E, sem qualquer perspectiva de uma vida melhor, encontrou na pessoa e no discurso de Jair Bolsonaro um fio de esperança. Esse sentimento nacional virou uma bola de neve.
Sua empatia com eleitorado é surpreendente. O fato é que a sua performance – e o seu crescimento a cada pesquisa de intenção de votos – está incomodando muita gente. Mas quem vai dizer se Bolsonaro merece assumir o comando do Brasil nas eleições desse ano são milhões de pessoas que não sabem mais a quem recorrer.
O polêmico candidato à Presidência da República não é nenhum herói. Muito menos um mito, como lhe apelidaram. Mas, com todos os dramas e desafios que o Brasil tem pela frente, para milhões de brasileiros o capitão Bolsonaro representa a luz de esperança no fim do túnel – antes que ela se apague de uma vez. Portanto, é bom Jair se acostumando com a possibilidade do homem vencer as eleições no primeiro turno.
Fonte:Por [*] Adalberto Vasconcelos Andrade É administrador de empresas, policial rodoviário federal aposentado, escritor e colaborador efetivo do Portal JLPolítica.