Estratégias parecidas ou mera coincidência? Primeiro foi Lula, depois Déda, e agora Márcio Souza

OPINIÃO

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[*] Adalberto Vasconcelos Andrade

O jovem economista e policial militar Márcio Souza dá sinais de cansaço depois de partir para o campo de batalha com seu exército de um homem só – ele com o seu PSOL -, rumo ao Paço Municipal de Estância e parece disposto a fazer do seu horizonte algo mais plural e menos monocrático.

Depois de três tentativas sem sucesso – 2008, 2012 e 2016 -, percebeu tardiamente que na política ninguém chega ao poder sozinho. Hoje mais maduro e com mais peso na balança da preferência do eleitorado estanciano, vai para sua quarta peleja nas urnas nas eleições do ano que vem.

Mas desta vez espera contar com o apoio dos partidos que fazem oposição ao prefeito Gilson Andrade, sem partido. Diante dos acordos de bastidores, Márcio Souza sinaliza que deverá seguir um roteiro similar ao que foi traçado por Luiz Inácio Lula da Silva, PT, nas eleições de 2002 e 2006, e Marcelo Déda, PT, na disputa pelo Governo do Estado de Sergipe em 2006 e 2010. Ambos saíram vitoriosos nas duas empreitada.

Fazendo um breve histórico, vejo que os três personagens – Lula, Déda e Márcio Souza – têm algo em comum: a ilusão de que sozinhos atingiriam seus objetivos.  Nenhum chegou ao poder com o seu exército de um homem só: Lula e Déda com o PT e Márcio Souza, com o seu PSOL.

Desde 1989, quando Lula foi para o segundo turno na primeira eleição direta depois da ditadura militar de 1964, o PT foi majoritário na captação de votos de esquerda.  Foi assim nas duas eleições seguintes, quando Lula perdeu no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, PSDB, chegando sempre segundo lugar. Só depois, na quarta, é que o PT ganhou.

Mas Lula só chegou à Presidência da República – após três tentativas frustradas – quando ampliou o seu exército, se coligando a vários partidos de esquerda e alguns conservadores – PL, PCB, PSB, PPS, PDT e PC do B -, principalmente no segundo turno. Lula foi eleito com quase 53 milhões de votos, tendo como seu adversário o médico José Serra, PSDB.

Marcelo Déda – creio que inspirado no sucesso do seu compadre Lula -, recorre à mesma estratégia política. Para chegar ao Governo do Estado, o petista sergipano junta no mesmo pacote bárbaros, gregos e troianos. Fez coligação com o PMDB, PSB, PTB, PL e PC do B.

Para facilitar as alianças e manter a harmonia entre os partidos, há quem diga que Déda dava mais atenção aos adversários do que aos próprios correligionários de PT. O fato é que em 2010, como bom estrategista político, ampliou as coligações e venceu o ex-governador João Alves Filho, DEM, no primeiro turno pela segunda vez com 52% dos votos válidos. Um tento e tanto da estratégia política.

Creio que a estratégia da oposição na cidade de Estância, liderada pelo pré-candidato Márcio Souza, é a de unir forças contra o atual prefeito Gilson Andrade e o seu aliado e padrinho político Ivan Leite, PRB, ex-deputado estadual e ex-prefeito da Cidade Jardim por dois mandatos consecutivos – 2004 e 2008.

Para Lula e Déda a estratégia deu certo. Mas quanto a Márcio Souza, será que agora dará? Claro que o planejamento estratégico ainda está em fase de diálogo e de acordos futuros com as principais lideranças dos partidos de esquerda – PSB, PDT e PT – que chegam para se somar ao projeto político do PSOL de Márcio Souza e aliviá-lo do cansaço de só competir e não levar.

O mapa já está traçado. Mas ainda é cedo para saber quem será o protagonista nas eleições de 2020 para prefeito da querida Cidade Jardim. Política não é como um roteiro de novela, em que o autor decide o final da história.

A intenção de votos do eleitorado virou uma caixa preta desde as eleições do ano passado, principalmente para os velhos caciques da política sergipana. Em Estância não foi e nem será diferente em 2020.

No caso de Márcio Souza, qualquer semelhança com fatos reais não será mera coincidência. Mas como a novela está apenas começando, só nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Fonte:[*] Adalberto Vasconcelos Andrade É administrador de Empresas, policial rodoviário federal aposentado, escritor e colaborador efetivo do Portal JLPolítica.

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