Conselho indígena repudia ataque a aldeia e chama Bolsonaro de ‘inimigo’
No início da semana, garimpeiros invadiram o território dos Waiãpi, no Amapá, e mataram o cacique Emyra
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) emitiu uma nota em conjunto com a Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e Norte do Pará (APOIANP), para repudiar os ataques contra o povo Waiãpi. Desde a semana passada, tem surgido denúncias de invasões de garimpeiros ao território indígena e, na terça-feira (23), foi encontrado morto o cacique Emyra Waiãpi.
O texto reafirma a solidariedade ao povo Waiãpi e externa um profundo “repúdio” à ofensiva dos garimpeiros, que segundo a organização são incentivados por meio dos “posicionamentos intransigentes”, “irresponsáveis” e “preconceituosos” do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Desde a sua campanha presidencial, Jair Bolsonaro mantém a promessa de regulamentar a mineração em terras indígenas, o que atingiria os Waiãpi, localizada no Amapá, já que o seu território é rico em ouro.
Segundo informações do blog Conversa Fiada, um grupo de garimpeiros ocupou a aldeia Marirí no início da semana. Eles teriam assassinado o cacique Emyra, de 68 anos, com golpes de faca. A Polícia Militar esteve no local e encontrou o líder indígena com diversas perfurações no corpo.
Em nota, o Conselho lembra que o território Waiãpi foi demarcado e homologado nos anos 90 e que a invasão a terras indígenas corresponde à história do Brasil enquanto país. A associação atribui o recente ataque ao presidente Jair Bolsonaro, que segundo o texto, junto com os seus aliados “antiindígenas”, tem criminalizado lideranças e tentado “usurpar” direitos sociais e territoriais dos povos indígenas:
“O caso ocorrido esta semana na Terra Indígena Waiãpi sobre a invasão de garimpeiros em seu território já demarcado e homologado desde os anos 90, assim como outros diversos casos recentes, são cenas, já vistas a bastante tempo, assim como recentemente e que podemos, enfaticamente atribuir e por na conta esses novos ataques aos territórios indígenas, seja para exploração garimpeira, madeireira, UNIR PARA ORGANIZAR, FORTALECER PARA CONQUISTAR! bgrilagem ou qualquer outro tipo de ilícito nos territórios indígenas, ao maior inimigo atualmente dos povos indígenas, o senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro e seus ministros e aliados aintiindígenas, onde veem sistematicamente, desde da época da sua campanha e agora em seus 7 meses de governo, atacando os povos indígenas, criminalizando lideranças e organizações indígenas legitimamente representativa desses povos, cooptando e jogando indígenas contra indígenas e tentando a qualquer custo usurpar os direitos sociais e territoriais garantidos a população indígena; armando nas bases os inimigos dos povos indígenas e acirrando intensamente o conflito nos territórios – isso tudo com o intuito único e exclusivo de privilegiar os históricos invasores das terras indígenas, seus aliados políticos e aos inimigos dos povos indígenas, para a exploração ilegal de nossas terras, com o antigo discurso de ‘desenvolvimento social e econômico do país”.
A prefeita da cidade de Pedra Branca do Amapari, município onde fica o território Waiãpi, Beth Pelaes confirmou ao O Globo que o presidente Jair Bolsonaro vai visitar a região nesta segunda-feira (29). A informação, no entanto, não foi confirmada pela assessoria do governo. Na agenda oficial, não consta a viagem ao Amapá.
Fonte: Bahia.ba