Justiça manda União dar atendimento médico a mais de 9 mil indígenas

 

Foto: Divulgação

A Justiça Federal determinou liminarmente o preenchimento de oito vagas nas Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena dos Polos Base de Caarapó, Iguatemi/Porto Lindo e Tacuru, no Mato Grosso do Sul. As equipes são responsáveis pelo atendimento a 9.304 indígenas. O governo recebeu prazo máximo de 60 dias para concluir o processo seletivo e fazer as contratações. No caso de não haver candidatos aprovados ou interessados, deverá contratar os servidores diretamente, sob pena de multa diária de R$ 5 mil. A questão indígena dominou o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, em 24 de setembro. Na ocasião, ele pregou contra o que chamou de ‘ambientalismo radical’ e ‘indigenismo ultrapassado’.

O governo está preparando um projeto para regularizar o garimpo na Amazônia, inclusive em Terras Indígenas. Bolsonaro também aproveitou para criticar o Cacique Raoni, liderança indígena e voz internacional pela preservação do meio ambiente. Em entrevista ao Estadão, Raoni disse que ‘Bolsonaro ameaça acabar com o povo indígena’. A liminar foi concedida a pedido do Ministério Público Federal, que acusa inexistência de profissionais médicos, dentistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de saúde bucal. Enquanto a liminar não é cumprida efetivamente, o governo federal deverá realizar o atendimento às populações indígenas com equipes móveis de saúde.

Caso não seja possível o preenchimento das vagas mesmo por contratação direta, a inexistência de candidatos interessados deverá ser comprovada no mesmo prazo de sessenta dias, sob pena de incidência de multa. “A situação de vulnerabilidade social das comunidades indígenas é patente, faltando-lhes assistência básica em diversas áreas sociais, sendo a ausência de profissionais de saúde apenas um dos vários problemas enfrentados”, justifica a decisão que acolheu o pedido do MPF. Os documentos apresentados pela União ao processo confirmam que não há explicação razoável para o não preenchimento das vagas, diz a Procuradoria.

“Há apenas orientação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que expressamente vedou a realização de novas contratações, sem, contudo, apresentar qualquer justificativa para tal orientação.” A União apresentou cronograma para a realização de atendimento por equipes volantes mas o Ministério Público Federal constatou que o atendimento prestado nessas condições está aquém da necessidade dos indígenas.

Fonte: Politica Livre

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