Adolescente conta como motorista de app foi morto. Veja vídeo
Suspeito de 14 anos dá detalhes do crime e joga a culpa no comparsa pelo enforcamento de Henrique: “Não tenho nem força para isso”
O menino joga a culpa no comparsa pelo enforcamento. “Nem sabia que ia acontecer isso. Foi o de azul. Nem tenho força para fazer isso”, esquivou-se. Segundo contou, os suspeitos foram pegos por Henrique em uma igreja. Logo que entraram no carro, um HB20 branco, eles já anunciaram o assalto e deram uma “gravata” na vítima. O motorista foi colocado no banco de trás e, quando estava acordando do primeiro desmaio, foi esganado novamente até a morte.
“É difícil. Sou suspeito para falar bem do meu próprio filho, mas ele realmente foi uma pessoa maravilhosa, um menino que nunca deu trabalho. Cresceu ouvindo o que era certo e errado. Sincero, trabalhador. Dois meses que tinha comprado o carro… e acontece isso”, desabafou.
José elogiou a atuação da PM, que apreendeu os suspeitos poucas horas depois do crime. “A polícia fez um trabalho ímpar. Desde o começo, estava em contato comigo. Mas, infelizmente, hoje no nosso país não tem lei. Daqui a pouco, esses desgraçados estarão na rua fazendo as mesmas coisas”, lamentou.
Durante o velório de Henrique, no cemitério de Taguatinga, a mãe do jovem, Ana Cléa Dias, se emocionou. “Ele era luz onde chegava. Feliz, cuidava de mim e da família. Se esses bandidos o conhecessem, jamais fariam o que fizeram. Por que não levaram o carro, mas deixaram ele com vida?”, perguntou, aos prantos.
“Era um rapaz sonhador, que só queria trabalhar e constituir uma família. Sonhava em me dar uma neta, em ter uma filha. Agora, acabou para ele, aos 25 anos de idade. Só ficarão as lembranças”, disse Ana.
O crime ocorreu de sábado (12/10/2019) para domingo (13/10/2019). Policiais faziam ronda no Guará quando avistaram o HB20 branco na QE 30 da região administrativa, onde estavam os adolescentes. Ao perceberem a aproximação da viatura, os suspeitos invadiram a calçada com o carro, mas foram alcançados e abordados. O que dirigia o automóvel ainda tentou sair correndo, mas foi capturado. Durante a fuga, ele jogou a chave do veículo na rua.
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Os suspeitos foram apreendidos ao retornarem ao Guará, onde ficaram dando voltas com o HB20. Segundo relataram, Henrique teria reagido ao assalto ao perceber que um deles portava arma de brinquedo.
Na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA), foi confirmado que um dos adolescentes tinha mandado de busca e apreensão em aberto por ato infracional análogo ao crime de roubo. Os outros também colecionavam várias passagens por tráfico, assalto, furto e porte de arma de fogo. Os suspeitos têm entre 14 e 17 anos.
Outra vítima
A Polícia Civil investiga a morte de outra vítima. Tiego Cavalcante, 28, foi assassinado na Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Samambaia na noite de sexta-feira (11/10/2019). Ele também atuava como condutor de aplicativo de transporte. Amigo de Tiego, o barbeiro Jonathan Gonçalves, 28, disse que o colega era “uma pessoa maravilhosa”. “Ajudava os outros e gostava muito de trabalhar”, destacou. Tiego trancou a faculdade de direito e se dedicava ao trabalho com os aplicativos e às artes marciais, treinando krav magá e jiu-jítsu.
Após dois homicídios em menos de 48 horas, motoristas de aplicativo fizeram uma manifestação na tarde da última segunda-feira (14/10/2019) para pedir mais segurança. Além do buzinaço, escreveram nos carros a palavra luto.
Fonte: Metrópoles