PSL de Bolsonaro,usou verba pública com carros e restaurantes de luxo mostra Análise das contas de 2019

Que o partido multiplicou gastos e bens após ingresso do atual presidente, que tenta criar nova legenda.
O presidente Jair Bolsonaro e Luciano Bivar, presidente do PSL (Divulgação/PSL)
O presidente Jair Bolsonaro e Luciano Bivar, presidente do PSL (Divulgação/PSL)

 

O PSL, partido que abrigou a vitoriosa campanha de Jair Bolsonaro, gastou no ano passado cifras milionárias com aquisições que vão de carros de luxo a refeições em alguns dos restaurantes mais caros de Brasília, como Gero e Rubaiyat. Dentre os bens acumulados no período estão um Toyota SW4 automático, ao preço de R$ 165 mil, um Toyota Corolla de R$ 100 mil, além de um jardim de inverno de R$ 4.580, acompanhado de plantas ornamentais de R$ 1.540 cada uma. As informações foram reveladas em reportagem publicadas neste domingo (2) pelo jornal Folha de S. Paulo.

Segundo texto, de um fundo partidário irrigado com dinheiro público de menos de R$ 700 mil ao mês antes da filiação de Bolsonaro, no início de 2018, a sigla ingressou em 2019 com direito a uma cota mensal de cerca de R$ 9 milhões, crescimento de quase 1.200%. Com isso, multiplicou gastos e bens.

Entre os saltos, mudou a sede nacional, que deixou salas alugadas ao custo de cerca de R$ 6.500 ao mês para ingressar em um espaço de 368 metros quadrados em um dos prédios mais valorizados de Brasília, o Brasil 21, ao custo médio mensal de cerca de R$ 34 mil.

A nova casa do partido também foi toda reformada e mobiliada com armários, carpetes e cortinas novos, TVs de até 65 polegadas, computadores, mesas, cadeiras e quatro poltronas com preço unitário entre R$ 3.300 e R$ 3.600 —além de jardim de inverno e plantas ornamentais.

Esse último item decora a parte inferior de uma escadaria e outros pontos da nova sede, por onde foram espalhadas as quatro plantas artificiais de dois metros de altura.

A Folha diz ter analisado mais de 6.500 páginas de documentos relativos ao uso que o PSL fez do fundo partidário de janeiro a setembro de 2019.

Pela lei, essa papelada só deveria ser entregue à Justiça Eleitoral e vir a público no fim de junho deste ano, mas, após Bolsonaro levantar suspeitas sobre o presidente da sigla, o deputado federal Luciano Bivar, de Pernambuco, o PSL decidiu se adiantar e colocar os documentos em sua página na internet.

PSL diz que aumento de candidatos eleitos justifica despesas

Em resposta às 28 perguntas específicas enviadas pela Folha, o PSL afirmou, de forma geral, que o crescimento do partido em relação a 2018 justifica os gastos, todos legais e com serviços efetivamente prestados.

“O PSL teve em 2018 um número muito maior de candidatos eleitos em comparação a eleições anteriores, o que, por óbvio, aumenta exponencialmente suas demandas técnicas e operacionais, sejam elas referentes a ações no TSE, seja à infraestrutura para dar suporte partidário aos seus 4 senadores, 52 deputados federais, 76 deputados estaduais e 873 vereadores em todo o Brasil. Portanto, é facilmente justificável o aumento das despesas.”

A legenda diz que todos os seus gastos estão detalhados no site e que mantém e pretende aperfeiçoar a transparência na prestação de contas. Afirma ainda que todos os contratos foram firmados de “forma legal, com os serviços efetivamente prestados, atendendo a necessidades legítimas e inerentes à atividade partidária”.

Não houve resposta sobre gastos relativos a automóveis, refeições e mobília ou sobre quem usa os carros e os flats, entre outros pontos.

A Folha perguntou à assessoria de Bolsonaro se ele teve conhecimento dos gastos da sigla e qual é a sua opinião sobre eles. O Palácio do Planalto afirmou que não comentaria.

Fonte:Folha de São Paulo

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