O BLOG JIVANILDO BINA ENTREVISTA A PSICÓLOGA VERÔNICA FONTES TEMA HOMOSSEXALIDADE
Blog Jivanildo Bina: Quem é a psicóloga Verônica Fontes?
Verônica Fontes: Não vou conseguir me definir totalmente aqui, porque vivo me construindo e me desconstruindo, mas falarei um pouquinho. Sou formada em psicologia pela Faculdade Adventista da Bahia (FADBA) e escolhi a psicanálise como abordagem na minha atuação profissional como psicóloga. Atualmente faço pós-graduação em neuropsicologia e além da clínica, atuo no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) no município de Inhambupe. O objetivo é continuar avançando cada vez mais na minha área. Complemento dizendo que, sou uma mulher que adora as coisas simples da vida, que gosta de gente e de facilitar as coisas sem perder de vista o que é necessário e importante. Que erra e tenta de novo… Sabendo que estou numa constante caminhada e que nem tudo são dores e nem tudo são flores. E apesar de não conseguir definir meu futuro, tenho me dedicado a escolher como será minha caminhada aqui neste mundo.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, em que momento da vida você acredita que a homossexualidade surge?
Verônica Fontes: Essa é uma das perguntas mais frqeuntes em nossa sociedade. “Nasce-se homossexual ou é um comportamento”? A ciência ainda discute sobre isso. Há quem diga que surge desde o nascimento e há quem diga que é comportamental. Estamos falando de algo muito complexo: “o comportamento humano”, fica difícil de reduzir e falar: nasceu assim ou se tornou assim. É muito complicado de dizer. A grande questão é que é um assunto tão delicado que independente dos que as pessoas digam não vai mudar a opinião de quem pensa o contrário. Não estão a fim de abrir mão do que pensam. Tem muita coisa envolvida nesse tema que é complexo: comportamento, crenças…
Blog Jivanildo Bina: Verônica, você acha que a escola deve tratar do tema da diversidade sexual na sala de aula?
Verônica Fontes: Sim. E acredito que o objetivo da abordagem deve ser na perspectiva do respeito, da empatia e da equidade.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, você acredita que os alunos se interessam por este tema?
Verônica Fontes: Sim. No geral acredito que eles se interessam, especialmente quando se refere ao público adolescente. Lembrando que a forma como esse tema é trabalhado na sala de aula é muito importante para a promoção de atitudes como respeito, solidariedade, empatia… Para cada nível de ensino a abordagem deve se adequar a faixa etária.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, você acredita que os professores se sentem preparados para discutir este assunto na escola?
Verônica Fontes: Creio que parte dos professores podem estar preparados, outros ainda não. Essa posição não só diz respeito aos professores, mas à sociedade em geral. A homoafetividade ainda é considerada um tema polêmico, que traz em seu entorno preconceitos e divergências. Mas, responder a esta pergunta de forma mais acertiva, demanda uma pesquisa acerca do preparo destes profissionais.
Blog Jivanildo Bina: Verônica, o que você acha de crianças serem educadas por homossexuais?
Verônica Fontes: Antes de responder de forma mais específica, permita-me fazer outra pergunta: “O que você acha de crianças serem educadas por heterossexuais”? Não vejo nenhum problema. Então porque haveria problema se esse professor for homoafetivo?! O que é vital na docência são as competências profissionais, e isso TODO ser humano pode ter, independente da sua orientação sexual.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, o que leva as pessoas a mudarem a forma de tratar os homossexuais quando ele tem uma posição social influente na sociedade, tratam de um jeito e quando não tem uma posição social influente tratam de outro jeito?
Verônica Fontes: São vários os marcadores sociais existentes, entre eles, o de classe. Se uma pessoa trata uma pessoa homoafetiva influente ou rica, diferente da não influente ou pobre, tá claro que a discriminação é por classe/posição social. Que essa pessoa com atitudes discriminatórias não seja eu e nem seja você!
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, por que alguns homossexuais que tem relações eventuais com pessoas do mesmo sexo, seja ela, entre dois homens ou duas mulheres, digamos assim, muitos deles querem que o homem ou mulher assuma o relaciomento como se fossem do sexo oposto: andar de braço dado na rua etc.. no entanto essa relação não evolu, é algo só do momento, só curtição e não para assumir uma relação Homoafetiva. Diante dessa situação muitos homossexuais sofrem com esse desejo ou paixão não correspondida. Qual a sua opinião?
Verônica Fontes: Paixões não correspondidas é uma das angústias da nossa sociedade independente da relação ser hetero ou homoafetiva. Sabe aquela historia: “Todo mundo vai sofrer”? Ninguém é obrigado a ficar com você e você não é obrigado a ficar com o outro. Entra aí o papel lindo da liberdade. No entanto essa “não obrigação” não exclui a prática do respeito, sinceridade, valorização do outro, comunicação não violenta… E o famoso amor próprio. Pois sem esse último fica mais difícil a superação dessas decepções.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, por que que os homossexuais não se unem, sempre estão em atrito na questão organização de projetos que venham trazer beneficios para essa parcela da sociedade tão marginalizada, que sofre com o preconceito e discriminação?
Verônica Fontes: Primeiro que essa questão da desunião não é um problema exclusivo dos homossexuais, mas sim da humanidade. É só olharmos para os lados, pra frente, pra trás, pra dentro, pra fora, que vamos perceber isso. Essa resposta merece análise em cada contexto.
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, qual a mensagem que você deixa para os homossexuais que ainda sofrem com preconceito no local de trabalho, na família, na política, faculdade, religião em fim no dia a dia?
Verônica Fontes: Em primeira instância, saber diferenciar discriminação da “opinião do outro” é fundamental para agirmos e compreendermos as relações interpessoais ao nosso redor. Da mesma forma que um homossexual deve respeitar a opinião do heterossexual, o heterossexual deve respeitar o homossexual. É importante diferenciar homofobia da não concordância da pratica da homossexualidade. Infelizmente não podemos mudar o outro em relação a preconceitos e discriminações, mas continuarmos acreditando e praticando o respeito e a empatia. É importante também se proteger, fazendo o que está ao seu alcance. É muito dolorido para quem sofre preconceito. Para o mundo ser melhor, só tem um jeito: cada um decidindo ser melhor. Independente das diferenças, da orientação, da cor, o nosso dever é amar e ponto! Não significa que você concorda. O que Deus espera é que amemos, afinal esse foi o exemplo que Ele nos deixou!
Blog Jivanildo Bina: Verônica Fontes, por favor, sinta-se à vontade para suas Considerações Finais:
Verônica Fontes: Agradeço pelo espaço. Desejo que como ser humano “sejamos a mudança que queremos ver no mundo.” Mahatma Gandhi