Governo Bolsonaro deixa vencer R$ 243 milhões em medicamentos
O Ministério da Saúde deverá incinerar cerca de R$ 240 milhões em medicamentos, vacinas, testes de diagnóstico, todos com validade vencida. Os insumos estão no centro de distribuição logística da pasta, em Guarulhos (SP).
De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, no local estão 3,7 milhões de itens que começaram a vencer há mais de três anos. Quase todos expiraram durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Entre os medicamentos que serão descartados, há 24 mil frascos-ampola vencidos de metotrexato, medicamento usado para alguns tipos de câncer. No final de agosto, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que 24 medicamentos estavam com estoque zerado ou inferior a 30 dias, entre eles o metotrexato, o que prejudicava o tratamentos de milhares de pacientes baianos com diversas doenças, dentre elas, câncer, HIV/Aids, diabetes, anemia falciforme e alzheimer.
De acordo com a Superintendência de Assistência Farmacêutica, Ciência e Tecnologia em Saúde (Saftec) da Sesab, a irregularidade no abastecimento dos estoques de diversos medicamentos é frequente. O governo da Bahia informou que tem notificado, de modo reiterado, o Ministério da Saúde, o Ministério Público Federal (MPF) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Ainda conforme reportagem do diário paulista, todo o estoque é mantido em sigilo pelo Ministério da Saúde. A pasta usa documento interno de 2018 para negar pedidos de acesso aos dados sobre produtos armazenados ou vencidos, argumento já apontado como inadequado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
O jornal teve acesso a tabelas do ministério com dados sobre os itens, número de lote, data de validade e valor pago pelo governo federal. A lista de produtos vencidos inclui, por exemplo, 820 mil canetas de insulina, suficientes para 235 mil pacientes com diabetes durante um mês. Valor: R$ 10 milhões.
O governo Bolsonaro também perdeu frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B (quase 6 milhões de doses), varicela, entre outras doenças, no momento em que despencam as taxas de cobertura vacinal no Brasil. Só esse lote é avaliado em R$ 50 milhões.
Os produtos vencidos também seriam destinados a pacientes do SUS com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais, entre outras situações.
Fonte: Folha de São Paulo