Obra da prefeitura nas dunas de Itapuã é alvo de protestos: ‘Espaço sagrado’
Comunidade do Candomblé afirma que Monte Santo é voltado para evangélicos e ‘não inclui a diversidade’
O cerimonial da prefeitura de Salvador foi recebido com protestos na manhã desta quinta-feira (10), durante assinatura da ordem de serviço das intervenções no Monte Santo, situado nas dunas do bairro de Itapuã. Participam do evento autoridades como o prefeito Bruno Reis (DEM) e o ex-prefeito ACM Neto (DEM). No local, os manifestantes acusam crime ambiental e discriminação de cunho religioso.
Ao bahia.ba, a ialorixá Jaciara Ribeiro, da casa Abassá de Ogum, expressou sua indignação. “Na verdade, nós não estamos nem protestando, nós estamos querendo entender. Porque aqui é uma área pública e a prefeitura demarca como um território evangélico, querendo mudar o nome para Monte Santo e construir um cerimonial só pra evangélicos. Isso aqui é um espaço sagrado, que pertence ao povo de Candomblé, à humanidade, aos indígenas e vai demarcar como fundamentalistas de um espaço só pra Jesus?”, criticou.
“Se fosse nós de Candomblé que tivéssemos assumido esse espaço, no outro dia tinha queimada, tinha tudo pra tirar a gente”, argumentou a mãe de santo. “E não, o evangélico entra aqui com esse poder, que pra mim é um ato extremamente político e perverso. Isso é voto, isso não é uma atividade política que incluía a diversidade”, defendeu.
Elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), dentro das ações do projeto de Requalificação e Mobilidade Urbana de Salvador, o projeto prevê a construção de uma sede com sanitários, auditório, iluminação, macro e microdrenagem, além de recantos e mirantes. A execução das intervenções será coordenada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), por meio da Superintendência de Obras Públicas (Sucop).