Augusto Vasconcelos: Grandes desafios do país nas eleições deste ano
Por Augusto Vasconcelos*
No mesmo sentido, quais os grandes desafios da esquerda em um ambiente de grande conflagração e de divisão política do Brasil?
Fizemos um tremendo esforço para construir uma ampla Frente que pudesse unificar a esquerda e os setores patrióticos. Infelizmente não foi possível, por variados motivos. A unidade que conseguimos se expressa na chapa Lula, Haddad e Manuela. O país vive um clima de ódio e intolerância na política e em outras áreas, estimulada por posições fascistas que acirram os ânimos e a violência. Isso não é bom.
Precisamos de uma nova etapa, debater projetos para nosso futuro, construir um diálogo nacional que permita ao Brasil ter uma estabilidade institucional que viabilize investimentos e nos faça sair da crise.
Um dos grandes palcos deste debate são as redes sociais. Em tempos de pós-modernidade, espero que as redes sociais diminuam o fosso entre os políticos e a sociedade. A interatividade, a velocidade das informações e a possiblidade de contato direto são importantes, mas não me iludo, pois mesmo na rede a manipulação de algoritmos faz com que você converse em bolhas, somente com um grupo restrito de pessoas. Até pelo meu perfil de ser um jovem candidato, tenho muita conexão com as redes e espero que possamos combater as fake news e o clima de ódio que alguns propagam. O futuro do país está em jogo e a palavra chave é diálogo.
E neste contexto o que nos motiva a ingressar na política institucional e quais seriam os principais eixos de nossa campanha a deputado estadual?
Após inúmeros pedidos de colegas e lideranças de vários segmentos, topei o desafio de ser candidato a deputado Estadual. Trata-se de uma decisão que refleti muito, pois exige um sacrifício pessoal e familiar. Sinto muito a falta dos meus filhos, pois a agenda tem sido cada vez mais apertada, mas tenho certeza de que eles terão orgulho do pai.
Faremos um mandato vinculado às lutas dos trabalhadores. Nosso gabinete será uma extensão dos movimentos sociais, uma trincheira em defesa dos mais pobres e contra toda forma de opressão. Minha mãe, oriunda da zona rural, é professora de escola pública. Comecei minha militância no movimento estudantil com 16 anos de idade e me tornei professor universitário há 12 e por isso também tenho vínculos muito fortes com a causa da educação.
As bandeiras do desenvolvimento econômico, geração de empregos, a defesa do consumidor, questões tributárias e o combate às desigualdades estão entre as prioridades. Tenho clareza de que a Bahia precisa resolver alguns gargalos. A ampliação da capacidade do Estado depende de investimentos em obras de infraestrutura, do fortalecimento da indústria como vetor de crescimento e o papel das universidades estaduais como polos de inovação tecnológica e desenvolvimento regional. Como se explica, por exemplo, o fato de que a arrecadação de ICMS no Oeste da Bahia é tão baixa, apesar da pujança da exportação de grãos. Não podemos nos contentar em produzir produtos primários, precisamos agregar valor, através de cadeias produtivas de beneficiamento.
Levaremos adiante também nosso projeto de segurança nos bancos, para combater o alto índice de explosões e assaltos nas agências.
Por onde tenho caminhado a receptividade tem sido excelente. As pessoas estão cansadas do velho jeito de fazer política, baseada na troca de favores. Hora de virar a página, conversar sobre causas, ideias e como tirá-las do papel. Há um certo desencanto com a política, mas não há saída fora dela. O momento exige novas lideranças, que não sejam artificiais ou filhos dos velhos políticos.
Tenho 20 anos nos movimentos sociais, desde os tempos de movimento estudantil e não caímos de paraquedas nesse desafio. É uma história de vida dedicada às lutas populares e as pessoas têm reconhecido isso.
Quando fui da Direção Nacional da UNE, aprendi logo cedo o que significa correlação de forças. Nenhum partido consegue governar sem alianças, quanto mais a Bahia que é maior que a França. O importante é que as alianças sejam feitas em torno de um programa. Lógico que eu gostaria que meu partido, o PCdoB, tivesse mais espaços na chapa majoritária na Bahia porém isso não inviabiliza reconhecer os avanços que o governo Rui Costa produziu em nosso Estado. Ainda tem muita coisa pra avançar, mas é inegável que foi um governo que deu certo em diversos aspectos.
Não sou político profissional. Há 20 anos participo da luta política, sem jamais ter imaginado ser candidato a deputado. Sou um professor universitário, advogado e bancário, um cidadão como qualquer outro. Acredito que as transformações da sociedade passam pela política. As decisões são tomadas lá. Se não participarmos, as elites econômicas decidem por nós. O mais inteligente é ocuparmos os espaços de decisão e por isso topei esse desafio de representar os trabalhadores e as trabalhadoras na Assembleia Legislativa.
As pessoas têm se identificado e a campanha virou um verdadeiro mutirão, com muita gente colando com essa ideia. Vamos vencer e provar que a nossa consciência vale mais do que a força da grana nestas eleições.
*Augusto Vasconcelos é presidente Licenciado do Sindicato dos Bancários da Bahia.
Fonte: Portal o Vermelho