Crianças yanomamis são intubadas em UTI de Boa Vista com desnutrição grave
Somente neste mês, 96 crianças yanomamis foram internadas na unidade. Quase metade permanece no hospital.
Crianças yanomamis com desnutrição grave chegam ao Hospital da Criança Santo Antônio, em Boa Vista, e precisam de um leito de UTI e serem intubadas. Cansadas e sem força para respirar, a falta de comida altera o organismo desses meninos e meninas desnutridos, muitos deles com poucos meses ou anos de vida. Os quadros são de diarreia e pneumonia associados à desnutrição. Cinco leitos da UTI do Hospital da Criança são ocupados por yanomamis.
As crianças da maior terra indígena do Brasil, que vive uma crise sanitária e de saúde pública, conforme a Folha de São Paulo, estão presentes em praticamente todos os setores da unidade de saúde, sendo maioria em boa parte dessas alas.
Foi constatado, inclusive o tamanho da gravidade da crise de desassistência em saúde, com explosão de casos de desnutrição grave e de doenças evitáveis como verminoses e malária.
Os yanomamis estão em grande número na UTI, em enfermarias –onde redes são dispostas ou improvisadas para uma adaptação a seus costumes– e principalmente na ala de emergência dedicada a casos de infecção respiratória. Muitas delas não têm as mães como acompanhantes, pois as mulheres também estão desnutridas e internadas em outros hospitais da rede pública.
O hospital é fundamental para a crise de saúde envolvendo os yanomamis, e vem recebendo cada vez mais pacientes, na proporção inversa à desassistência em saúde na terra indígena durante o governo Jair Bolsonaro (PL), segundo a Folha.
Desde a declaração do estado de emergência em saúde pública pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no último dia 20, o Santo Antônio passou a acolher ainda mais pacientes, resgatados nas aldeias.
Em 2022, houve 703 internações de crianças yanomamis, o que significa quase duas por dia. Pela UTI, passaram 65 indígenas, ou cinco por mês. Vinte e nove crianças yanomamis morreram no Hospital da Criança em 2022.
Somente neste mês, 96 crianças yanomamis foram internadas na unidade. Quase metade permanece no hospital.
Fonte: Folha de São Paulo