Bolsonaro incentiva crimes ambientais e ‘quer legislar por decreto’, diz senador
Em entrevista à Rádio Metrópole, Fabiano Contarato (Rede-ES) também afirmou que o chefe do Executivo nacional age de forma “irresponsável” ao criticar ONGs
Por Juliana Rodrigues
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado, fez críticas à postura do governo federal diante da questão ambiental brasileira e dos incêndios e desmatamentos na Amazônia. Em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, hoje (26), Contarato afirmou que as medidas e declarações do presidente Jair Bolsonaro incentivam o desmatamento e a prática de crimes ambientais. Para ele, o chefe do Executivo nacional “quer legislar por decreto”, o que faz com que o país esteja “vivendo uma ditadura em plena democracia”.
“Antes do presidente ser eleito, ele já tinha demonstrado que queria acabar com o Ministério do Meio Ambiente. Ele não fez isso de direito, mas está fazendo isso de fato quando ele transfere a Agência Nacional de Águas [para o Ministério do Desenvolvimento Regional], quando ele coloca fim na Secretaria de Mudanças Climáticas, no Plano de Combate ao Desmatamento, só essas duas medidas já impulsionam, já são um combustível para proporcionar o desmatamento e as queimadas que estão ocorrendo. Ele acabou com o Departamento de Educação Ambiental, paralisou os estudos da Amazônia, vai contra a manifestação técnica e científica dos profissionais que têm expertise na área. Independente de quem está ocupando a cadeira de presidente, essa é a realidade da área ambiental do Brasil hoje. Por isso eu entrei com um pedido de impeachment do ministro do Meio Ambiente [Ricardo Salles]”, afirmou.
Contarato frisou que o agronegócio também se mostra preocupado com os prejuízos financeiros acarretados pela crise ambiental e disse esperar que a repercussão internacional do problema traga alguma “razoabilidade” a Bolsonaro. “Espero que ele tenha a razoabilidade, a sobriedade institucional, o equilíbrio, que ele infelizmente não tem demonstrado, espero que essa reação internacional faça com que ele repense, tenha uma postura diferenciada, porque a voz dele tem uma repercussão muito grande. (…) Eu espero que efetivamente ele cumpra o papel de um presidente da República em uma democracia, respeitando as instituições, respeitando a academia, o posicionamento dos cientistas, das universidades, respeitando as ONGs. Ele, infelizmente, de forma irresponsável, criminaliza as ONGs, sem nenhum embasamento”, disse.
Ainda segundo o senador, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, deverá ir à Comissão de Meio Ambiente do Senado para falar sobre a exoneração do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão. “Isso foi um assédio moral que aconteceu”, avaliou.
Fonte: Metro 1