Com 55 km, China inaugura maior ponte marítima do mundo

Construção, que custou US$ 20 bilhões e demorou nove anos para ficar pronta, ligará área urbana de 75 milhões de habitantes
Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau foi inaugurada nesta semana em meio a críticas: acusações de superfaturamento e de displicência com trabalhadores mortos durante obras são argumentos levantados por críticos Foto: ANTHONY WALLACE / AFP
Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau foi inaugurada nesta semana em meio a críticas: acusações de superfaturamento e de displicência com trabalhadores mortos durante obras são argumentos levantados por críticos Foto: ANTHONY WALLACE / AFP

A construção permite ligar, graças a ilhas artificiais e a gigantescas estruturas rodoviárias, a ilha de Lantau, em Hong Kong, à antiga colônia portuguesa de Macau, a oeste, e à cidade de Zhuhai, na província de Cantão (Guangdong). A ponte será aberta ao tráfego oficialmente amanhã, quarta-feira, um dia após sua inauguração.

ROTA DA PONTE HONG KONG-ZHUHAI-MACAU
5 km
N
Hong Kong
Aeroporto
de Hong Kong
Zhuhai
Túnel
subaquático
Pontos com
cruzamento
de fronteiras
Pontos com
cruzamento
de fronteiras
Macau

— Declaro oficialmente inaugurada a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau — disse o presidente chinês, Xi Jinping, em uma breve declaração durante a cerimônia na cidade de Zhuhai.

A obra faraônica, que começou em 2009, foi marcada por numerosos atrasos, acusações de superfaturamento e corrupção, além de mortes de operários — foram 18 ao todo, além de dezenas que tiveram algum tipo de ferimento.

A construção utilizou mais de 400 mil toneladas de ferro, o que seria suficiente para construir 60 outras Torres Eiffel. Já a porção subterrânea da ponte funciona permitindo que navios naveguem livremente por cima da área submersa. Sem a ponte, a viagem entre Hong Kong e Zhuhai dura quatro horas, tempo que será diminuído para 30 minutos.

Ponte ligará área urbana de 75 milhões de pessoas, em projeto de governo chinês para integrar China continental com Hong Kong e Macau Foto: ANTHONY WALLACE / AFP
Ponte ligará área urbana de 75 milhões de pessoas, em projeto de governo chinês para integrar China continental com Hong Kong e Macau Foto: ANTHONY WALLACE / AFP

Para as autoridades, a ponte promoverá os intercâmbios comerciais, unindo de forma eficiente as duas margens do estreito. Em Hong Kong, no entanto, os críticos do projeto consideram que é mais uma tentativa de Pequim aumentar sua influência na ex-colônia britânica, que em tese possui uma ampla autonomia em virtude do princípio “Um país, dois sistemas”, negociado antes de sua devolução à China em 1997.

A nova estrutura faz parte do projeto do governo chinês conhecido como a Grande Baía (Greater Bay Area), que prevê a integração das duas “regiões administrativas especiais” de Hong Kong e Macau em uma só zona urbana de 75 milhões de habitantes, que incluirá ainda nove cidades da província de Cantão, a mais dinâmica da China, entre elas sua capital homônima e Shenzhen.

O principal trecho da ponte está sob a soberania chinesa e os motoristas de Hong Kong devem “submeter-se às leis e normas do continente”, anunciou o Departamento de Transportes da cidade. Espera-se que cerca de 9 mil veículos cruzem a ponte todos os dias.

Para poder circular pela ponte, os motoristas de Hong Kong também precisarão de uma autorização — a aprovação da permissão depende de critérios muito restritivos, como o fato de ocupar determinados postos oficiais na China ou ter feito doações a organizações de caridade em Cantão. Além disso todos deverão pagar pedágio. A maioria dos passageiros utilizará a ponte a bordo de ônibus com autorização oficial.

Ponte tem ilhas artificiais que funcionam como entrada de túnel abaixo do oceano: medida foi feita para que navios possam trafegar livremente pela área Foto: BOBBY YIP / REUTERS
Ponte tem ilhas artificiais que funcionam como entrada de túnel abaixo do oceano: medida foi feita para que navios possam trafegar livremente pela área Foto: BOBBY YIP / REUTERS

Muitos internautas de Hong Kong criticaram as restrições de uso a uma construção financiada em grande parte pelo território semiautônomo. A China já possui o recorde de maior ponte do mundo: o viaduto ferroviário Danyang-Kunshan, de 164,8 km de comprimento.

Críticas também envolvem o impacto ambiental causado pela construção. De acordo com grupos ambientalistas, houve sérios danos à vida marinha na região, o que envolve uma rara espécie de golfinho, que teve sua população decrescida na área desde o início das obras.

Além disso há dúvidas de que a ponte possa se pagar algum dia, uma vez que existem restrições aos motoristas para trafegá-las. De acordo com a BBC China, a estimativa de arrecadação com o pedágio é de apenas US$ 86 milhões por ano, quantia que já será bastante consumida com gastos de manutenção.

Fonte: O  Globo

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