Discussão, carteira de trabalho e luvas: presidente do Vitória esclarece caso de Escudero
Questionado sobre a acusação de ser ‘amador’, Ricardo David não rebateu Escudero, minimizou o atrito e revelou que o jogador chegou a se desentender com os empresários
Por Matheus Simoni
Próximo de deixar o cargo de presidente do Vitória, Ricardo David se manifestou após o fim das negociações com o meia Damián Escudero, que anunciou ontem (3) que não ficará no clube. O atleta de 31 anos acusou a diretoria rubro-negra de atuar com “amadorismo” e decidiu não assinar contrato após o período de avaliações na Toca do Leão. Em entrevista à Rádio Metrópole na noite de ontem, Ricardo David revelou que o jogador e os empresários de Escudero fizeram uma série de exigências que não estavam previstas nos acordos feitos com os dirigentes.
“O processo com Escudero começou em dezembro. Fomos procurados pelos representantes do atleta e fomos informados do interesse do atleta em retornar ao Vitória. Tivemos interesse de ouvir, mas com preocupação, já que o último jogo dele foi em setembro de 2017 e estávamos em dezembro de 2018. Não é comum permanecer esse tempo todo sem jogar. Não era o caso de uma lesão grave”, afirmou o presidente.
Depois do contato inicial, o presidente revelou que as duas partes chegaram a um acordo inicial. Segundo Ricardo David, a intenção era levar em conta a passagem anterior de Escudero pelo Vitória, mas sem deixar de avaliar o atual estado do atleta. “Em fevereiro, o empresário Rafael Carvalho, representante do Escudero, me ligou pedindo uma conversa, insistindo num retorno de Escudero. Já eram 1 ano e cinco meses de inatividade. Propus a ele que fosse feita uma pré-temporada, dando todas as condições a ele, por 30 dias. É o período para ele avaliar o Vitória e o Vitória avaliá-lo. Você não pode contratar um jogador pelo que ele foi, você tem que contratar um jogador pelo que ele é nesse exato momento. E assim fizemos e foi aceito”, disse.
O argentino teve uma lesão detectada pelo departamento médico do Vitória. Segundo o dirigente, Escudero foi diagnosticado com uma hérnia de disco, que impediria qualquer contato com bola. “Os médicos me disseram que era uma lesão relativamente simples e que, obviamente, iria requerer um tratamento de 15 dias. Isso retardou a pré-temporada dele. Completados os 30 dias, tínhamos apenas 15 e ele sequer tinha feito um coletivo para fazer uma avaliação do atual ritmo dele e como ele poderia se encaixar. Pedi mais tempo ao empresário. Foi feito um coletivo pelo técnico Tencati na segunda-feira, ele atuou bem, dentro das condições dele, e iniciamos as tratativas”, afirmou o presidente.
O Vitória tentou viabilizar uma contrato nos moldes do que foi feito com o zagueiro Victor Ramos e o atacante Neto Baiano. Com passagens pelo Leão da Barra, a dupla assinou um vínculo que fixa parte do contrato de acordo com a produtividade dos jogadores dentro de campo. Em relação a Escudero, segundo David, a tentativa foi viabilizar algo parecido com Escudero.
“Obviamente, um atleta com um ano e seis meses sem jogar nos desperta dúvidas. Fizemos isso com Victor Ramos e Neto Baiano, tudo transcorreu sem problemas. Na segunda-feira à noite, ele quis que não fizéssemos contrato de imagem, o que é de praxe que fazemos em todos os nossos atletas, principalmente em campanhas e como versa a norma do clube. Chegamos à uma equação ainda naquela noite. Na terça-feira finalizaríamos o contrato. Apresentamos a proposta que tínhamos combinado. Apareceu um elemento novo, um pedido de luvas por parte de Escudero. Não estava sendo tratado isso, não teria sido um problema se fosse pedido pelo próprio Escudero, mas já teríamos feito a negativa lá atrás, já que o Vitória não teria condições nesse momento de fazer isso. Nosso empenho em trazê-lo e dar todo o tratamento foi grande”, revelou.
Questionado sobre a acusação de ser “amador”, Ricardo David não rebateu Escudero, minimizou o atrito e revelou que o jogador chegou a se desentender com os empresários. “Escudero inclusive perdeu a carteira de trabalho e, para fazer o registro dele, precisaríamos desse documento. Ofereci o suporte do Vitória para ele conseguir uma segunda-via, mas que ele assinasse o contrato que estava sendo apresentado. Pedi que ele fosse cedo ao clube, mas ele só apareceu pela tarde, a despeito dos meus insistentes pedidos pela manhã”, contou o presidente.
“Ele alegou que havia jantado com os empresários na noite anterior e que havia sido prometido uma coisa diferente. Fiz questão de ligar para os empresários no viva-voz e frisar que tudo o que o Vitória prometeu estava ali em cima da mesa. Ele ouviu e começou a discutir com os empresários. Teve uma discussão em que ele disse que não daria para ser desse jeito, ele não poderia trabalhar com pessoas assim. Ainda conversamos com ele, falei que queríamos muito ele e que a torcida pedia muito seu retorno. Ele saiu irritado e fez isso. Fiquei surpreso quando vi na rede social dele. Tratamos com absoluto respeito e o Vitória cumpriu com uma proposta em termos compatíveis”, acrescentou.
Fonte:Metro 1