Do Afro pro mundo: os modelos que começaram aqui e bombam lá fora
Editoriais de moda em revistas como Vogue Brasil, Vogue Reino Unido, Glamour e Marie Claire. Campanhas para marcas como Melissa, Natura, Farm, Calvin Klein e Riachuelo. Desfiles em Nova Iorque, Paris e Londres. Essas são as credenciais de alguns dos modelos que já passaram pela passarela do Afro Fashion Day (AFD), projeto do CORREIO que comemora o Mês da Consciência Negra e vai acontecer no próximo sábado, 18h, no Museu du Ritmo. O desfile é aberto ao público e gratuito, com inscrição prévia pelo link bit.ly/AfroFashionDay2018.
Ana Flávia Santos, 23, que há dois anos saiu do bairro de Mussurunga e ganhou o concurso Super Model of the Word, da Ford Models, em 2016, sendo a única mulher negra a ganhar a competição nos últimos 25 anos. Para ela, o Afro Fashion Day é uma “oportunidade de conhecer o meio e vivenciar algo parecido com o que quem vai para São Paulo”. A trabalho, a jovem conheceu o Chile e a França. A bonita ainda modelou para marcas como Natura, Farm e Melissa. Recentemente, desfilou para as marcas Patricia Viera, Cotton Project, Handred e Two Denin na São Paulo Fashion Week, junto com outros modelos que já passaram pelo Afro, como Lucas Evangelista, 23. O rapaz já fez campanha da C&A e, na última SPFW, desfilou para as marcas Torinno, João Pimenta e Piet.
Lucas Evangelista em editorial da Revista GQ |
Bruna Di Souza, 20, iniciou a carreira aos 16, participando de um concurso de beleza no Nordeste de Amaralina, onde morava, e participou durante dois anos do Afro Fashion Day. “O projeto me ajudou na timidez na passarela. Eu era bem novinha e ainda estava com dúvidas. Consegui me encontrar como modelo. A cada ano o Afro vai descobrindo novos modelos negros. Muitos já estão em São Paulo e fora do Brasil”, conta a moça, que atualmente mora na Inglaterra e sente saudade de comer acarajé. Entre seus trabalhos de maior relevância, destaca os desfiles em Paris e Londres e as fotos para as Vogue Brasil e Reino Unido.
Gabriel Pitta, jovem descoberto no Afro Fashion Day, na última SPFW |
Descoberto aos 16 anos no concurso Beleza Black, criado pelo scouter Pepê Santos, da agência One, Gabriel Pitta morava no Engenho Velho da Federação e vendia salgados com a mãe. Duas edições do Afro Fashion Day depois, o rapaz posou para as revistas Vogue Brasil, GQ e Marie Claire e desfilou para as marcas Cotton Project, Handred, Cacete Company e João Pimenta no São Paulo Fashion Week e esteve nas propagandas da Trident e da Riachuelo. “O AFD é muito importante e abre portas para aqueles que querem entrar no mundo da moda. Me ajudou muito a chegar onde estou, fico muito triste de não poder desfilar este ano porque estou em Sampa, mas espero que surjam outras oportunidades”, conta ele.
Outra beldade que estreou na passarela do Afro, Lucy Andrade, 19, estava se programando para tentar o vestibular da faculdade de medicina quando foi arrebatada pelo mundo da moda. A jovem do bairro Jardim da Esperança, em Salvador, começou a carreira com 16 anos e já acumula em seu currículo campanhas para marcas como Melissa e Natura e já posou para a revista Vogue Brasil. Com um contrato assinado com a agência Elite, de Nova Iorque, ela sonha ser uma Angel da Victoria’s Secrets, e conta que já passou por muitas dificuldades, mas considera o racismo a pior. “Todos passam perrengues, principalmente nós que viemos de família humilde e somos negros”, conta a soteropolitana que tem na mãe a maior referência.
A modelo Ana Flávia Santos para Cotton Project na SPFW |
Ingrid Vina, da Ford Models, começou a carreira aos 12 anos, participando de concursos de modelo. Originária da Ilha de Itaparica, desfilou para Renner e A La Garçonne e fez fotos para a revista Glamour. Recentemente, desfilou em Londres (Inglaterra) para as marcas Huishan Zhan e Chinti and Parker. Das sensações e prazeres da profissão, destaca que ser “reconhecida por familiares e amigos na TV é gratificante”. A jovem participou da passarela mais negra do Brasil durante dois anos. “É um espaço de oportunidades, tanto para os modelos, as marcas e estilistas, além de ser um espaço para a nossa cultura afro. Eu sou grata”, finaliza a modelo que hoje mora na capital inglesa.
Josana está a caminho da agência Elite, em Nova Iorque |
A ex-marisqueira Josana Santos, 17, foi descoberta este ano pelo scouter Vivaldo Marques. Moradora da Ilha de Encarnação, distrito de Salinas da Margarida, no Recôncavo, ela não imaginava que sua vida mudaria tão rápido. Ela ainda nem estreou na passarela do Afro, mas já fechou contrato com uma agência de Nova Iorque, para onde vai em janeiro de 2019. “Comecei fotografando um editorial de moda do (caderno) Bazar. Aí fui para os castings e fui passando”.
Segundo o produtor de moda Fagner Bispo, o Afro se tornou um palco para descoberta de modelos, tanto nas seletivas realizadas nos bairros, quanto para modelos já agenciados: “O evento é importante porque para muitos deles é a única oportunidade de estar numa passarela desfilando. E nessa vitrine que é o AFD, muitos deles alçam voos maiores”. Responsável pela concepção dos looks do Afro, Fagner costuma dizer que fica “órfão”, porque alguns dos modelos acabam indo para fora do país e, por conta da agenda, não conseguem mais marcar presença no evento.
Lucy Andrade para campanha da Melissa. Foto: Divulgação |
Responsável por ter revelado Ingrid Viana e Lucy Andrade, Vivaldo acompanha o Afro Fashion Day de perto: “Sou um scouter diverso, que olha diamante onde todos só veem pedra”. Ele, assim como os olheiros Pepe Santos, da One Models, e Vinny Vasconcellos, são as pontes dos e das modelos para o Afro Fashion Day e outras ações de sucesso.
Este ano, 63 looks apresentam 48 marcas baianas para o grande público. São elas: Adriana Meira; Aládio Marques; Abanto; Ateliê 2; Ateliê Casa Linda; Black Atitude; Boutique Negralá; By Aninha Acessórios; Candida Specht; Carol Barreto; Closet Clothing; Com Amor, Dora; Costa Ribeiro; Crioula; Cynd Biquínis; Erika Rigaud; Euzaria; Fagner Bispo; Goya Lopes; Incid; Ismael Soudam; Jeferson Ribeiro; João Damapejú; Jorge Nascimento; T Camisetaria; Katuka Africanidades; Kelba Varjão Deluxe; La Abuela; Lú Samarato; Madame Nalwango; Maria Coruja Ateliê; Meninos Rei; Mônica Anjos; NBlack; Negrif; Sungas Oliver; Orig; Outerelas; Porto de Biquíni; Preta Brasil; Rey Vilas Boas; Silverino; Sonbrille; Sou Diva – tábompravocê?; Soul Dila; Tempt; Turbanque e Ziê.
O Afro Fashion Day é realizado pelo CORREIO com apoio institucional da prefeitura de Salvador e apoio de Salvador Shopping, Sebrae, Vizzano e Museu du Ritmo. Este ano, vai acontecer no dia 24 de novembro, sábado, às 19h, com entrada franca, no Museu du Ritmo (Comércio).
Fonte: O CORREIO