É preciso evitar que conflito entre Israel e Hamas se alastre, diz Lula na Cúpula dos Brics
Presidente criticou ‘paralisia’ do Conselho de Segurança da ONU e voltou a apontar ‘urgência de reforma’
Durante a Cúpula Virtual Extraordinária do Brics, realizada nesta terça-feira (21) para discutir a situação emergencial na Faixa de Gaza, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender uma trégua humanitária e expressou preocupação com a possibilidade do conflito entre Israel e o Hamas se alastrar entre os países vizinhos.
“Devemos atuar para evitar que a guerra se alastre para os países vizinhos. É valiosa e imprescindível a contribuição do BRICS, em sua nova configuração, junto a todos os atores em favor da autocontenção e da desescalada. O Brasil não acredita que a paz seja criada apenas pela força das armas. Temos longa experiência nacional que reforça nossa fé na paz criada por uma justa negociação diplomática”, declarou o mandatário, que classificou como “fundamental” acompanhar a situação dos assentamentos israelenses ilegais na Cisjordânia e pregou o “reconhecimento de um Estado palestino viável, vivendo lado a lado com Israel, com fronteiras seguras e mutuamente reconhecidas” como “única solução possível”. Em sua fala, Lula destacou ainda que desde o início da guerra “o Brasil condenou de maneira veemente os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro contra o povo israelense”, que resultaram na morte de três brasileiros e reforçou que em várias ocasiões também reiterou “o chamado pela liberação imediata e incondicional de todos os reféns”. Ele ponderou, entretanto, que os “atos bárbaros” do Hamas “não justificam o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis”, referindo-se à ofensiva de Israel. “Estamos diante de uma catástrofe humanitária. Os inocentes pagam o preço pela insanidade da guerra, sobretudo mulheres, crianças e idosos. O elevado números de mortos — mais de 12.000 pessoas, sendo 5.000 crianças — nos causa grande consternação. Há ainda 29.000 feridos e 3.750 desaparecidos, dos quais muitos são crianças”, lamentou o presidente, que apontou “paralisia” do Conselho de Segurança das Nações Unidas em mediar uma solução duradoura para o conflito, que em sua visão “é mais uma demonstração da urgência da sua reforma”.
“Só em 15 de novembro último, mais de 40 dias depois do início dos conflitos, o Conselho de Segurança finalmente aprovou uma Resolução que foca em um dos objetivos mais essenciais de toda ação humanitária: a proteção de crianças. Neste momento, o desafio é fazer com que a trégua humanitária determinada pela Resolução seja implementada imediatamente. Novamente, a credibilidade das Nações Unidas está em jogo”, avaliou Lula, prometendo que “o Brasil seguirá pronto a apoiar todas as iniciativas que levem a uma solução política para esse conflito”.
Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na Cúpula Virtual Extraordinária do BRICS
"Agradeço ao presidente Ramaphosa pela iniciativa de convocar esta reunião extraordinária para tratar da situação emergencial em Gaza.
Quero saudar a presença dos…
— Presidência da República do Brasil (@presidencia_BR) November 21, 2023