Entenda: O que é a obstrução intestinal, diagnosticada em Jair Bolsonaro
Exames médicos mostram que o presidente da República sofre com bloqueio parcial ou completo da passagem de fezes pelo intestino.
No mesmo dia, o presidente foi transferido para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde passará por um tratamento clínico, ainda sem previsão de cirurgia.
O mal que acomete o presidente ocorre quando a passagem das fezes pelo intestino está total ou parcialmente bloqueada. Isso pode acontecer por diversos motivos, como presença de bridas intestinais – que é quando uma alça intestinal gruda na outra, bloqueando o trânsito do intestino –, tumores, hérnias, inflamação e até mesmo intoxicação por chumbo. Em alguns casos, mulheres que sofrem com endometriose podem desenvolver o quadro.
A obstrução impede a passagem dos alimentos digeridos pelo intestino. Por isso, os produtos dessa digestão, como fezes, gases intestinais e secreções digestivas, se acumulam e aumentam a pressão dentro do intestino. É um fator mecânico.
O gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia Norte, Bernardo Martins, explica a diferença entre a obstrução intestinal e o intestino preso: “O intestino preso pode preceder a obstrução. Geralmente, o primeiro se caracteriza apenas por uma lentidão do trânsito do intestino. Quando o órgão não retoma essa movimentação, não passa nem os gases, aí temos a oclusão, ou obstrução intestinal”.
Segundo o médico, no caso de Bolsonaro a obstrução pode ser uma consequência das diversas cirurgias feitas no intestino do presidente desde a facada sofrida em 2018. “A doença é comum em quem possui fatores de risco. O paciente com obstrução normalmente passou por cirurgias prévias, acidentes com traumas abdominais, como tiros ou facadas. Também é comum em pessoas com histórico de doenças intestinais, como doença inflamatória intestinal ou torção intestinal”, detalha o especialista.
Os sintomas relatados costumam ser dificuldade para evacuar ou eliminar gases, inchaço exagerado da barriga, náuseas ou dor abdominal com cólica intensa. De acordo com Martins, o soluço apresentado recentemente pelo presidente também é um sintoma relacionado à obstrução, porque ele sinaliza que há estímulo do nervo frênico, que passa pelo pulmão, coração e vai até o diafragma.
Por isso o conselho dos especialistas é que, se houver suspeita de obstrução intestinal, se busque imediatamente atendimento médico para confirmar o diagnóstico e dar início ao tratamento necessário.
O problema é grave porque há risco de complicações como perfuração intestinal, morte do tecido intestinal e infecção generalizada, com óbito do paciente.
A partir da suspeita da obstrução intestinal, é necessário realizar pelo menos um exame, como radiografia ou tomografia computadorizada, para confirmar o diagnóstico e identificar o local do intestino onde está a oclusão.
A depender da gravidade de cada caso, o tratamento é feito com administração sonda nasogástrica para retirar líquidos, impedindo que cheguem ao intestino em tratamento, além de correção da hidratação do órgão com soro e eletrólitos. “Se tiver sofrimento de alça, falta de sangue ou sinais de morte do intestino, o tratamento emergencial é cirúrgico”, destaca Martins.