Família de Adélio carrega estigma da facada e só tem notícias dele pela TV
Nos relatos feitos à Folha, três dos quatro irmãos de Adélio, uma cunhada e duas sobrinhas narraram a angústia da falta de notícias e a luta para mostrar que ele não é o monstro apontado por tantos, mas, sim, alguém com uma doença mental que precisa se tratar. Sem estudo e sem dinheiro, a família do homem que quase matou o hoje presidente da República é aterrorizada pelo medo de que o irmão mais velho de Adélio, que é doente cardíaco e se afundou em tristeza desde o ocorrido, morra sem vê-lo uma última vez. Aldeir Ramos de Oliveira, 52, ultimamente só tem notícias do irmão pela mesma TV que informou à filha Jenifer o esfaqueamento durante o ato de campanha em Juiz de Fora (MG), que completa um ano na sexta-feira (6).
“A gente não sabe como ele está e não tem como ir lá visitar”, diz Aldeir, cabisbaixo. Ninguém da família teve como viajar a Campo Grande (MS), onde Adélio está preso desde o ataque, em penitenciária federal de segurança máxima. A transferência é descartada pela Justiça, que vê risco à integridade física dele fora dali. Quando a reportagem explica as condições da prisão —cela individual, duas horas de sol por dia, ambiente 100% controlado e vigiado—, a mulher de Aldeir, Maria Inês Dias Fernandes, 49, se espanta: “Numa cela individual? Aí é que ele vai enlouquecer mesmo. Não tem ninguém para conversar, para desabafar”. Ela, então, sai em defesa do cunhado, que conhece desde jovem. “Eu não acho ele seja esse monstro, não. De jeito nenhum. Ele é uma pessoa muito boa. Uma pessoa calada, que, se a gente precisar dele, ele ajuda”, diz a faxineira.
Fonte: Folha de S.Paulo