Intelectuais de várias partes do mundo temem pela democracia no Brasil

 
Intelectuais e políticos de diversas partes do mundo lançaram um manifesto onde demonstram preocupação com os rumos políticos do Brasil. No documento, expressam os impactos da eleição de um candidato fascista à presidência – diante de condições adversas – não só para o país, mas para as demais nações com quem o Brasil se relacional política e economicamente.
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Ao lado de Bolsonaro está o general Mourão, uma chapa fascista que atenta contra a democracia abertamenteAo lado de Bolsonaro está o general Mourão, uma chapa fascista que atenta contra a democracia abertamente

O documento é assinado por intelectuais como Noam Chomsky, professor da Universidade de Massachusetts, Pierre Sané, ex-presidente da Anistia Internacional e o ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.

No manifesto, os intelectuais destacam que o golpe contra Dilma, seguido do impedimento da candidatura de Lula à presidência proporcionam um cenário que facilita a eleição de Jair Bolsonaro, representante da extrema-direita. Com isso, se mostram preocupados com o possível resultado das eleições e o impacto disso no mundo.

Leia o manifesto na íntegra:

Alertamos sobre o golpe à democracia no Brasil e suas consequências globais
A destituição da presidenta Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016, iniciou um ataque à democracia no Brasil cujo fato seguinte foi no último dia 1 de setembro de 2018, com a inabilitação do ex-presidente Lula, favorito nas pesquisas de intenção de voto para a presidência.

Como efeito de ambos os atos, coloca-se a cidadania brasileira diante da perigosa perspectiva da possível vitória de um candidato fascista, racista, misógino e homofóbico, autor de chamados à violência e repressão armada.

Destacamos que estes golpes ilegítimos, golpe parlamentar contra a presidenta Dilma e golpe judicial, pela condenação sem provas a 12 anos de prisão e agora inabilitação do candidato à reeleição, Lula, são passos de um plano para impedir que o Partido dos Trabalhadores (PT), ao qual pertencem, implemente o modelo de redistribuição de riqueza, redução das desigualdades sociais, raciais e de gênero, que nestes 16 anos foi um exitoso exemplo de alternativa ao neoliberalismo da crise global.

Alertamos para a instrumentalização do poder judicial, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, como ponta de lança de uma estratégia geral do capital financeiro internacional e meios de comunicação que não cumprem seu dever de veracidade. Estratégia que tenta, alegando a luta anti-corrupção que na verdade eles pervertem, eliminar a carreira eleitoral, com condenações injustas, dos políticos vistos como freio à agenda ditada pelos mercados.

Particularmente grave é que o estado do Brasil que, com grande vigor, foi referência do multilateralismo e impulsionou valiosas iniciativas como os Brics, tenha decidido não dar ouvidos, agora, à solicitação do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas de que se “sejam garantidos os direitos políticos de Lula incluindo o de ser candidato às eleições presidenciais de 2018”.

Nossa preocupação é profunda pelas consequências que facilitar ilegitimamente a vitória do candidato fascista no Brasil podem ter, tanto no país como num panorama internacional onde os líderes da mais belicosa ultradireita ascendem e até governam com votos fruto da frustração pela crise de 2008 e o austericídio do qual o neoliberalismo é responsável.

Mas também porque para que o resultado eleitoral das eleições de 7 e 28 de outubro sejam pacificamente aceitos pela sociedade, devem ser garantidas as condições de justa concorrência entre candidatos de todos os partidos, incluindo o PT.

Madri, setembro de 2018.

Assinam este manifesto:

Celso Amorim, ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores do Brasil
Renata Ávila, Diretora da Fundação Cidadania Inteligente
William Bourdon, advogado e sócio fundador da Bourdon & Associados
Pedro Brieger, jornalista e diretor do Nodal
Noam Chomsky, professor emérito do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Gaspard Estrada, diretor executivo do Opalc, Scienses Po
Baltasar Garzón, jurista e presidente da Fibgar
Rafael Heiber, diretor executivo e co-fundador do Commom Action Forum
Alexander Main, diretor de Política Internacional do CEPR, Washington, DC
Pierre Sané, ex-secretário geral da Anistia Internacional e presidente do Instituto Imagine Africa

Fonte: Do Portal Vermelho

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