Laboratório aponta fraude em laudos de Covid usados por público da final da Copa América

Laboratório aponta fraude em laudos de Covid usados por público da final da Copa América

Messi e Neymar nas eliminatórias da Copa de 2018 | Foto: CBF

Um laboratório apontou fraudes em laudos com sua logomarca de testes de Covid-19 usados por convidados para assistir à final da Copa América na noite deste sábado (10) no Maracanã, no Rio de Janeiro, entre Brasil e Argentina.

Ao menos 17 exames que usam a marca desse laboratório já foram identificados como falsificados. Como não há um local de referência para a realização do teste RT-PCR exigido ao público da partida, a fraude pode estar ocorrendo com os documentos de outras empresas.

 

Em nota, a Conmebol reconheceu ter detectado “uma considerável quantidade de testes de PCR fraudulentos”. A entidade afirmou que as pessoas com laudos falsificados não poderão entrar no estádio.

 

“A Conmebol assegura que os controles para o ingresso à final da Copa América serão extremamente rigorosos”, disse a entidade em nota.

 

A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou a presença de público no Maracanã limitada a 10% da capacidade do estádio —cerca de 6.500 torcedores. A Conmebol planeja credenciar 4.400 convidados divididos entre as duas confederações finalistas.

 

Uma das exigências do município foi a apresentação de teste RT-PCR negativo feito 48 horas antes da partida. O objetivo é evitar que o evento seja local de transmissão do novo coronavírus, em razão da pandemia.

 

A Conmebol, contudo, não tem um laboratório de referência, com o qual mantenha alguma ferramenta de checagem dos testes apresentados.

 

A proprietária da Laborlife, Priscila Amaral, disse ter sido informada por um cliente argentino que uma pessoa estava oferecendo laudos da empresa por R$ 150 sem a necessidade de realização de exame. A clínica cobra R$ 450 para testes de emergência, com resultado entregue em seis horas.

 

Amaral disse ter entrado em contato com o consulado argentino, que repassou a informação à Conmebol. A empresária afirma que a fraude consiste na troca dos dados do paciente testado a partir de um laudo negativo real.

 

“Minha equipe de informática fez às pressas uma ferramenta para checagem dos laudos. De cara identificaram dois laudos falsos. Se está acontecendo comigo, pode estar acontecendo com vários outros laboratórios”, disse ela.

 

Ao liberar o público no estádio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou considerar a final um evento-teste para futuras liberações, ainda não previstas no município.

 

“Foi feito um pedido para liberação de 50%, que foi recusado. Eu soube do pedido pela imprensa, a SMS [Secretaria Municipal de Saúde] analisou e negou. E, com um novo pedido, entendeu, com toda a liberdade do mundo, que 10% não seria problema. Eu não recebi pressão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Conmebol, de ninguém”, afirmou.

 

Em janeiro deste ano, a final da Copa Libertadores, também disputada no Maracanã, teve a presença de torcedores convidados por Palmeiras e Santos. As duas torcidas ficaram concentradas em um único setor do estádio, promovendo aglomeração.

 

Os 2.200 convidados credenciados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ficarão alocados no Setor Norte do estádio. A outra metade, composta por argentinos credenciados pela AFA (Associação do Futebol Argentino), ficará no Setor Sul. A intenção é evitar a aglomeração de torcedores.

 

Pessoas ligadas ao estudo da pandemia no Brasil criticam a falta de transparência nas informações cedidas pela confederação sul-americana e pelo Ministério da Saúde. Isso é tido como um obstáculo para entender os reais efeitos da realização do torneio no país.

 

A reportagem conversou com pesquisadores da Fiocruz –alguns pediram para não serem identificados–, além de cientistas de outras instituições, que trabalham diariamente com a Covid-19. Nenhum deles foi informado sobre esses detalhes epidemiológicos durante a competição. Eles alegaram saber dos números de casos apenas por meio da imprensa.

 

A Fiocruz é o braço do Ministério da Saúde responsável pelo monitoramento epidemiológico do coronavírus no Brasil. Seu setor de virologia é credenciado pela Organização Mundial da Saúde para realizar esse acompanhamento.

 

Até aqui, foram 168 casos de Covid detectados entre os envolvidos no torneio. Destes, o sequenciamento genético (exame para identificar a cepa do vírus) foi realizado em 38, sendo que para 22 o processo já foi concluído e o resultado foi de variante gama.

 

O Rio de Janeiro vive atualmente um alívio no número de internações decorrentes da Covid-19. O último balanço aponta para 563 pessoas internadas em leitos da rede pública da cidade, menor número desde abril de 2020, início da pandemia.

A prefeitura atribui a melhora ao avanço da vacinação. Metade da população já foi vacinada com a primeira dose, e 19% com a segunda.

FONTE: Bahia Notícias

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