Na Bahia, Ciro afaga Lula, mas critica PT e alianças de Haddad
Foto: Andre Penner/AP
Ciro Gomes (PDT), candidato a presidente nas eleições 2018
Em visita a Salvador, capital do maior reduto petista do País, o candidato do PDT à Presidência nas eleições 2018, Ciro Gomes, adotou a tática criticar o PT e poupar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato. O presidenciável petista, Fernando Haddad, e “uma fração amalucada do PT” foram os principais alvos do pedetista, que tenta atrair para sua candidatura o eleitor que rejeita o PT sem perder votos do eleitorado nordestino identificado com o ex-presidente Lula. A estratégia fez com que, em um intervalo de 20 minutos, Ciro afirmasse que o PT tem “o mesmo comportamento dos fascistas” e que era preciso “ter muito cuidado ao tratar do legado de Lula”, sobre quem ele disse ter “apreço, respeito e carinho”. “Dói no meu coração ver o que está acontecendo com o Lula enquanto os aproveitadores do PT estão aí se aproveitando do nome dele”, discursou o pedetista, equilibrando-se no tom do discurso, de cima de um mini trio elétrico. O principal alvo da mira do ex-ministro de Lula foi, porém, o PT. “Infelizmente, há uma fração do PT que é dominada por uma cúpula que perdeu a noção de Brasil, não pensa mais no Brasil, não tem nenhum compromisso com a sorte do nosso povo. Para eles, a política é um fim em si mesmo. Para essa gente, nós temos que enfrentar, assim como temos que enfrentar o mesmo tipo de coisa pela direita, que são os fascistas. É o mesmo comportamento”, afirmou Ciro, a jornalistas, antes de discursar. Ele ainda alfinetou o candidato petista Fernando Haddad ao dizer que “os nordestinos não deveriam votar em quem não conhece o Brasil somente pelo apreço ao ex-presidente Lula”. O candidato do PDT ainda criticou as alianças feitas pelo PT, ao dizer que “Haddad agora está agarrado ao Renan Calheiros em Alagoas e agarrado ao Eunício Oliveira no Ceará”. Renan e Eunício são senadores pelo MDB, partido que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff. “Não sou um cara que chegou ontem. Só um petista muito doido e tarado que vai trair minha história. Todas as vezes que Lula precisou de mim eu estava ao lado dele. Agora esse grupo tarado do PT resolveu aperfeiçoar a luta do Bolsonaro, porque, para eles, pode acreditar, é melhor que o Bolsonaro destrua o Brasil, para que eles possam se apresentar novamente com a mentira deles”, atacou, em resposta a jornalistas. Ao dizer que Dilma “desastrou o Brasil”, afirmou em seguida que “ela não é má pessoa”. “Eu ajudei a Dilma também. Foi o único Estado do Brasil, o Ceará, que deu dois terços dos votos contra o impeachment. Eu ajudei contra a tentativa de golpe do mensalão. Eu era o herói do PT. E agora que eu estou tentando construir um caminho para o Brasil, para não ter o Brasil que se subordinar a esse enfrentamento miúdo e odiento que está rachando a sociedade brasileira, não é possível que não tenhamos aprendido nada”, disse ainda. Cerca de 1.500 pessoas, nas contas dos dirigentes do PDT da Bahia, acompanharam o ato político em frente ao Mercado Modelo e ao Elevador Lacerda, dois dos principais pontos turísticos de Salvador. A PM estimou o público em 300 pessoas. O grupo, formado majoritariamente por jovens universitários, chegou a ser maior no início da tarde. No entanto, após mais de três horas de atraso, uma fração dos simpatizantes do pedetista se dispersou. Quando o presidenciável começou a discusar, já passavam das 17h30 e as portas do Mercado Modelo já estavam fechadas, sem movimento turístico.
Fonte: Estadão