Novo ensino médio deixa alunos mais satisfeitos e otimistas com futuro

Reforma do ensino médio, criada em lei de 2017, começa a ser implementada no ano que vem, mas alunos de projetos-pilotos estão gostando.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Prevista em uma lei de 2017, a reforma do ensino médio começa a ser implementada nas redes pública e privada de todo o país no ano que vem. Mas projetos-pilotos já estão em funcionamento em uma amostra de escolas, e, segundo uma pesquisa feita com estudantes dos dois modelos, o novo ensino médio tem alunos mais satisfeitos e confiantes em relação ao futuro profissional do que os vinculados ao atual currículo.Criado pela Lei 13.415, que alterou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, esse novo ensino médio é focado em uma formação menos teórica e mais voltada a conteúdos técnicos e orientação profissional/acadêmica. A maior novidade é que os estudantes terão que cumprir os chamados itinerários formativos, que começam a ser ofertados ainda em 2022, mas só serão obrigatórios a partir de 2023.

A carga horária também vai aumentar, de 800 horas por ano para mil, o que deve significar um crescimento no período diário de estudo, de quatro para cinco horas. As disciplinas vão se tornar áreas do conhecimento (linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas), como já é cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e só português e matemática serão obrigatórios nos três anos do programa, com o aluno ganhando protagonismo para escolher em quais outras áreas vai querer focar mais.

Uma pesquisa feita com dois mil estudantes (mil cursando o novo ensino médio e mil que ainda estão no modelo tradicional) a pedido do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Social da Indústria (Sesi) mostrou maiores índices de satisfação e otimismo com o futuro no grupo que já está no novo modelo.

A pesquisa mostrou ainda que 61% dos alunos que estão cursando o novo ensino médio avaliam positivamente o modelo. Entre os motivos para essa avaliação positiva estão “facilita o primeiro emprego devido à capacitação” e as mudanças curriculares. Para 73% desses estudantes, o potencial do novo ensino médio para melhorar a qualificação profissional do Brasil é grande ou muito grande.

A escolha dos itinerários

Entre os alunos que já cursam o novo ensino médio e podem escolher entre cinco itinerários, o de Formação Técnica e Profissional (FTP) é o mais escolhido (26%), seguido por Linguagens (20%), Ciências Humanas (18%), Ciências da Natureza (16%) e Matemática (11%). O que motiva os estudantes a escolherem o itinerário formativo é o interesse em ingressar no mercado de trabalho logo após ensino médio (31%) e a afinidade com o curso superior que desejam fazer (28%).

Sobre a pesquisa

Encomendado pelo Sesi e pelo Senai junto ao Instituto FSB Pesquisa, o levantamento fez duas amostras de mil estudantes cada, uma com matriculados no ensino médio tradicional e uma no modelo novo. Em cada amostra, foram realizadas entrevistas presenciais, representando em cada uma delas uma margem de erro de 3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

A amostra de alunos do ensino médio tradicional levou em consideração o controle das seguintes cotas: (a) estado, (b) condição do município, (c) rede de ensino e (d) série escolar. A amostra foi desenhada de forma proporcional, de acordo com os dados do Censo Escolar de 2020, para espelhar a proporção de matrículas do ensino médio tradicional conforme os estratos amostrais acima.

Por sua vez, a amostra do novo ensino médio levou em consideração três redes de ensino, as quais já possuem alunos experimentando a nova estrutura curricular em sua forma plena. Foram entrevistados alunos de escolas da rede pública de São Paulo e Mato Grosso do Sul, bem como alunos da Rede Sesi.

As entrevistas foram realizadas entre os dias 08 e 22 de setembro de 2021.

Devido a poucas escolas privadas já terem aderido ao novo modelo, 94% dos entrevistados estudam em escolas públicas (incluindo a rede Sesi).

Fonte: Metrópoles

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