Pesquisa aponta índice alarmante de desperdício de alimentos
Levantamento inédito revela volume de resíduos gerados pelos centros de abastecimento no país.
Uma pesquisa inédita sobre as perdas de alimentos nas ceasas do Brasil aponta caminhos para reduzir o desperdício de frutas e vegetais nesses centros de comercialização pelo país. O estudo mostra que 15 ceasas, de 14 estados brasileiros, enviaram juntas o volume de 134,7 mil toneladas de resíduos para os aterros sanitários, em 2017, sendo que em média 78% desses rejeitos eram orgânicos e poderiam ter outra destinação.
Autor do levantamento, o professor Dielson Mendes, mestre em Planejamento Ambiental pela Universidade Católica de Salvador (UCSal), defende que é possível reduzir substancialmente a geração desses resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem e reuso dos alimentos. “É a primeira vez que esse número é calculado e evidencia a importância do correto manejo desses alimentos”, explica.
A pesquisa de Mendes revela ainda que o volume descartado seria suficiente para alimentar uma população como a do estado de Rondônia, por 1 ano, além de representar o prejuízo de R$210 milhões para a economia. Mas se esses números puderam ser calculados, o dano ambiental do desperdício se traduz em uma perda incalculável para os recursos não-renováveis, como a água e o solo.
No estudo, Dielson Mendes argumenta que implementar uma estratégia de gerenciamento para os alimentos coincide com as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da agenda 2030 das Nações Unidas, com o consumo e a produção responsável. “Há uma necessidade urgente de mudança na percepção da sociedade sobre o custo ambiental e o valor econômico desse desperdício. A agricultura intensiva para a produção desses alimentos impacta na biodiversidade, no uso do solo e da água, além da emissão de carbono gerada pelo descarte sem tratamento”, avalia.
Em sua tese, o pesquisador aponta também opções para que a destinação dos alimentos não seja os aterros sanitários e cita saídas como a redução do volume excedente produzido, o uso para alimentar as pessoas famintas, a alimentação animal, a utilização industrial dos resíduos em óleos e na produção de energia, além da compostagem para adubo do solo.
Fonte: Bahia.ba