Sergipe é um dos Estados onde se mata mais negros de acordo com dados.

Os resultados da pesquisa do Atlas são prova de que a desigualdade racial no Brasil é latente e com o passar dos anos cresce.

 

SE é o Estado onde se mata mais negrosFoto: André Moreira

Sergipe é um dos Estados com a maior taxa de homicídios de negros, de acordo com dados do Atlas da Violência 2018. Num período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa cresceu 23,1%, enquanto a taxa entre brancos teve redução de 6,8%, segundo o relatório. Sergipe mantém as maiores taxas de assassinatos de negros do Brasil, com 79 mortes por 100 mil habitantes. Abaixo está o Estado do Rio Grande do Norte, com 70,5%. Os resultados da pesquisa do Atlas são prova de que a desigualdade racial no Brasil é latente e com o passar dos anos cresce.

No mês de abril, duas mortes chocaram a população sergipana: um homem baleado durante abordagem do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro. O carro onde se encontrava a vítima recebeu 80 tiros. Em Sergipe, um homem de 37 anos, sem antecedentes criminais ou qualquer passagem pela polícia, foi morto durante abordagem policial. O ponto em comum entre os dois homens mortos: eram negros.

Diante dos dados alarmantes, movimentos sociais da luta contra o racismo em Sergipe se reuniram na manhã desta quarta-feira, 17, e realizaram um manifesto na porta do Instituto Médico Legal (IML). Os protestantes aproveitaram o momento para expressar solidariedade à família de Clautenis José dos Santos e a todas as pessoas negras.

O representante do movimento Braços dos Direitos Humanos, Carlos Trindade, ressalta que é inaceitável que o Estado assuma o papel de genocida em relação à população negra. “Esses são pontos principais que estamos tentando passar para a sociedade brasileira. Uma frase super importante é que a população negra, após a experiência da escravidão, por sorte do Brasil, sempre quis oportunidade e não vingança. Então você hoje tem 100 milhões de pessoas que só querem uma oportunidade de criar seus filhos, de existir, de trabalhar, comer, levar uma vida como qualquer outra, mas está a cada dia mais difícil. E essa postura do estado brasileiro tem que ser resolvida”, disse.

Ainda conforme Carlos, negros buscam valorização e direitos iguais, como dita os próprios princípios da Constituição Brasileira. “Todos são iguais perante a lei, isso deve ser respeitado perante a vida. Vidas negras importam”, reitera.

Os jovens estavam em maior número na manifestação de ontem. Tratavam-se de integrantes do movimento Astro Power, que, segundo a representante Rayanne Madeiro, estão desde o início do ano atuando na periferia da Grande Aracaju, levando informações ao público jovem e falando sobre o racismo.

“Estamos repudiando a morte de mais um jovem negro que foi executado pelo Estado, pela polícia, que ao invés de nos dar segurança, executa. Estamos unidos para afirmar que vidas negras importam, o coletivo está no trabalho de base, para levar o trabalho para a periferia, conversar com a juventude, pedir mais segurança e se resguardar em algumas situações. Já estamos nos reunindo desde o início do ano, porque Sergipe entrou para o ranking que mais mata jovens negros e estamos sempre repudiando. Para além do trabalho de base, a gente vem para a rua repudiar quando acontece isso. A cada 23 minutos um jovem negro morre”, lamenta a representante.

No momento do ato, os grupos se reuniram para protocolar um documento na Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), solicitando uma audiência com o representante da pasta e discutir sobre as questões de abordagens policiais, e tratamento com as pessoas negras nos bairros carentes.

Fonte:Jornal Da cidade.Net

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