Sob pressão de nova greve, governo tenta acordo com caminhoneiros
Categoria deve fechar entendimento com o Ministério de Infraestrutura para determinar metodologia de cálculo de valores dos fretes mínimos
Caminhoneiros, transportadoras e embarcadores, como são conhecidas as empresas que contratam os fretes de transporte de carga rodoviária, voltam a se reunir com o governo federal nesta terça-feira (30/07/2019) para tentar construir um acordo em torno da tabela de cobranças de frete mínimo. Esta seria a segunda rodada de conversas do Ministério da Infraestrutura para evitar uma nova paralisação da categoria.
O grupo vai se reunir com a equipe da pasta durante todo o dia. A expectativa de início é às 8h30. Na quarta-feira (30/07/2019), a programação se repete com mais discussões em torno das regras que envolvem o trabalho de transporte de carga pelas rodovias do país. Serão ouvidos, ao todo, 30 representantes do setor para determinar o percentual para cada uma das 11 categorias.
Assim como participou na semana passada, um dos líderes dos caminhoneiros, Gilson Silva, conhecido como Vento Forte, vai atuar no processo de negociação com a pasta. Ele acredita que o governo estará aberto para um entendimento e acabar com essa “novela” que dura desde o ano passado. “Não acredito que o governo não vai aceitar essa proposta, porque vai trazer paz para a categoria, para a população e para ele mesmo”, disse.
Vento Forte disse ainda que há praticamente um consenso entre todas as partes — caminhoneiros, transportadoras e embarcadores –, cientes de que há partes que podem “perder alguma coisa” com o acordo. “Mas a gente tem que saber dar um passo para trás para dar dois amanhã. Eu não acredito que o governo vá querer dar um passo atrás”, acrescentou.
Questionado se a categoria poderia fazer outra greve se o Executivo federal não ceder aos pedidos do grupo, o motorista disse que “sempre vai existir um motivo para parar”. “Se alguém não cumprir o acordo, sempre vai existir. Deveria fazer valer essa Lei 13.703/18”, destacou.
A legislação instituiu a Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas, que previa uma nova tabela com frete mínimo que deveria ser publicada quando houvesse oscilação superior a 10% no preço do óleo diesel no mercado nacional.
O grupo pede que o governo federal reformule a tabela de frete mínimo desenvolvida pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), por ter achado os valores estipulados pela instituição muito baixos.
A tabela passou a valer no sábado passado (20/07/2019), mas foi suspensa na segunda-feira (22/07/2019) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a pedido do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, após pressão da categoria, que ameaçava uma nova paralisação.
A ANTT revogou a própria Resolução nº 5.849/2019, que estabelecia essas regras gerais. O grupo, contudo, criticou a metodologia aplicada sobre o piso mínimo de frete, além dos coeficientes para cálculo do frete de cargas no país. Os caminhoneiros questionam alguns pontos que consideram como “diferenças conceituais entre o valor do frete e o piso mínimo”.
Erros técnicos nos cálculos
Outro líder dos caminhoneiros, Wanderlei Alves, o Dedeco, contou ao Metrópoles que a expectativa é que encerre esse “casamento” com o governo até esta quinta-feira (1º/07/2019). O motorista apresentou sugestões para os valores do frete que, segundo ele, continham “erros técnicos nos cálculos”.
“Na reunião passada, vários outros pontos foram abordados, mas eu fui buscando o que estava errado tecnicamente e encontrei. O governo se mostrou aberto”, afirmou.
Fonte: Metrópoles