‘Vaza Jato’: conversas mostram críticas de procuradores à conduta de Sergio Moro

Ministro é chamado de ‘inquisitivo’ e acusado de violações em novo vazamento do The Intercept; sua esposa também é detonada por comemorar eleição de “Bolso”

Luiz Felipe Fernandez
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 

A 8ª parte da série de reportagens do The Intercept, batizada nas redes sociais de “Vaza-Jato”, mostrou supostas conversas em grupo de procuradores, ligados ou não à operação Lava Jato. Os trechos mostram críticas às violações éticas e à conduta de Sergio Moro enquanto juiz federal e a preocupação de que a proximidade com Bolsonaro, que resultou na nomeação para a pasta da Justiça, pusesse em dúvida a credibilidade do processo.

Na noite do segundo turno, prestes a ser anunciado o resultado das eleições presidenciais, procuradores de diferentes lugares do país explicitaram o descontentamento com a postura, inclusive, da esposa do então juiz federal, que comemorou a vitória de Bolsonaro nas redes sociais. “Erro crasso. Compromete Moro”, conclui José Robalinho Cavalcanti, então presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, no chat batizado de “BD”.

Foto: The Intercept
Foto: The Intercept

Um dia antes do anúncio de Moro como ministro, 31 de outubro de 2018, segundo o The Intercept, o grupo formado por procuradores da força-tarefa em Curitiba avaliaram negativamente o encontro entre o juiz e presidente eleito PSL – uma semana antes de interrogar o ex-presidente Lula.

“É o fim ir se encontrar com Bolsonaro e semana que vem interrogar o Lula”, diz a procuradora Isabel Groba, que é endossada por Laura Tessler que pede “pelo amor de Deus” para alguém avisar a Moro para não ir ao encontro.

O procurador Antônio Carlos Walter antecipa ao ressaltar que, caso o juiz aceitasse o convite para ser ministro, seria o responsável por “explicar todo os arroubos do presidente” e  deveria “engolir muito sapo”. Ele lembra que um pedido feito à ONU para anulação do processo é embasado justamente na “falta de parcialidade do juiz”:

“Se aceitar vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio. As vezes, o convite, ainda que possa representar reconhecimento (merecido), vai significar para muita gente boa e imparcial, que nos apoia, sem falar da imprensa e o PT, uma virada de mesa, de postura, incompatível com a de Juiz”.

Foto: The Intercept
Foto: The Intercept

Em uma outra conversa, no dia seguinte, 1° de novembro de 2018, no grupo “BD”, a opinião geral é semelhante. O ministro é chamado de “inquisitivo” e que esta sua fama “é antiga”. Monique Checker, da Procuradoria da República dos municípios de Osasco e Barueri, afirma que o magistrado “viola sempre o sistema acusatório” e só é “tolerado” devido aos seus resultados.

No mesmo dia, no grupo intitulado “MPF GILMAR MENDES”, outros procuradores integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em outros estados do país, também repercutem a nomeação de Moro. “Acho inoportuno”, diz José Augusto Simões Vagos, da procuradoria do Rio de Janeiro.

Outro procurador do Rio, Sérgio Luiz Pinel Dias, responde que a decisão é “ruim” para o “legado” da operação Lava-Jato, e que agora será difícil que no “futuro” seja repelida a ideia de que ela “integrou o governo de Bolsonaro”.

A publicação traz ainda supostos prints de conversas no grupo “BD” com outros procuradores. A maioria deles compartilha a mesma opinião sobre os excessos do juiz e com o impacto da sua nomeação para o ministério da Justiça. ”

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Foto: The Intercept
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Fonte: Bahia.ba

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