Vaza Jato: Ex-presidente da OAS diz ter liberado R$ 1 milhão em propina a vice de Doria
Informação consta da proposta de delação premiada compartilhada entre procuradores do Ministério Público Federal, por meio do aplicativo Telegram; político nega
Preso pela Lava Jato em Curitiba, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, disse ter autorizado o pagamento de R$ 1 milhão em espécie a Rodrigo Garcia (DEM), hoje vice-governador de São Paulo, para acelerar liberação de verba para obra da linha 4-amarela do Metrô. Esse episódio, segundo Léo Pinheiro afirmou a autoridades, ocorreu em 2007, quando Garcia era deputado estadual.
A informação consta da proposta da delação do empresário compartilhada entre procuradores do Ministério Público Federal da Lava Jato no aplicativo Telegram, e foi analisada e divulgada hoje (16) pelo site The Intercept Brasil em parceria com a Folha.
De acordo com Léo Pinheiro, o pagamento a Garcia foi determinado após um pedido do então secretário da Casa Civil do governo José Serra, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB).
À época, a OAS fazia parte de um consórcio com Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa para a execução dos lotes 1, 2 e 3 da linha 4-amarela, que liga o centro à zona oeste de São Paulo.
No final de 2007, a equipe técnica responsável pela avaliação de litígios da linha apontou que seria necessária uma atualização do contrato no valor de R$ 180 milhões (R$ 347 milhões em valores atualizados) em prol do consórcio executor da obra. O montante teria que ser desembolsado pelo governo paulista.
Em seu relato, Léo Pinheiro afirma que a propina foi acertada em uma reunião com a presença de representantes da OAS e de outras empresas do consórcio, na casa de José Amaro Pinto Ramos, um “conhecido interlocutor do PSDB” e suspeito de ser operador de tucanos.
“Para que fosse agilizado o pagamento dessa quantia [R$ 180 milhões], tomei conhecimento através do diretor da OAS de que o então secretário da Casa Civil, Aloysio Nunes, exigiu do consórcio o pagamento da quantia de R$ 5 milhões, sendo que cabia a cada empresa o pagamento do valor de R$ 1 milhão”, disse Léo Pinheiro. “Autorizei que a parte da OAS fosse paga em espécie diretamente para o então deputado estadual Rodrigo Garcia”, apontou.
A proposta da delação de Léo Pinheiro é datada de junho de 2017, porém a Folha apurou que as afirmações sobre o vice de Doria foram mantidas na versão final da delação do empresário enviada para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no fim de 2018. O material ainda não foi enviado para que o Supremo Tribunal Federal o homologue.
Procurado, o vice-governador afirmou que “não tem tempo” para comentar uma história sem pé nem cabeça”. “Em passado recente, fui vítima deste mesmo tipo de acusação e provei minha inocência”, disse.
Fonte: Metro 1