WALDIR derrota carlismo em 1986 e permite retorno de ACM em 1990 (TF)

O maior erro de Waldir na política foi ter abandonado o governo da Bahia, em 1989, para ser candidato a presidente da República. Mas, até isso, foi perdoado
Tasso Franco .

A campanha quixotesca a presidente sendo vice de Ulyssses
Foto:
   MIUDINHAS GLOBAIS:
 
   1. Waldir Pires ao morrer em Salvador nesta sexta-feira, 22,  aos 91 anos de idade, deixa como legado a ética na política e a luta permanente pela democracia. Homem íntegro, honrado, de posições firmes na defesa do estado de direito era uma das personagens politicas baiana com dimensão nacional.
 
   2. O conheci mais de perto em 1986 quando coordenei a área da imprensa na sua campanha política para governador da Bahia pelo PMDB contra Josaphat Marinho (PFL) que teve o apoio do governador João Durval e do lider político maios da Bahia naquela época, ACM. Campanha duríssima, violenta, e que levou Waldir ao palácio de Ondina depois de percorrer toda a Bahia.
 
   3. Ainda jovem, aos 35 anos de idade, candidatou-se a governador da Bahia pelo antigo PSD conta Antonio Lomanto Jr e perdeu a eleição diante do clamor municipalista propagado por Lomanto e de forte campanha da Igreja Católica e de A Tarde taxando-o de comunista, “vermelho” perigoso. 
 
   4. Chegou a ser procurador geral da República no governo João Goulart (1963/1964) exilando-se no Uruguai e depois na França por 6 anos, época em que perdeu um filho, retornando ao Brasil em 1970 e readquirindo os direitos politicos em 1979.
 
   5. Entrou de cabeça na luta pela redemocratização do país na campanha de Tancredo Neves, o qual eleito presidente (não chegou a tomar posse) o nomeou ministro da Previdência, cargo mantido por José Sarney (1985/86). Nesse ministério também estavam ACM na pasta das Comunicação; e Carlos Santana, na Saúde.
 
   6. Começamos a fazer sua campanha a governador da Bahia, em 1985, com Cláudio Barreto e Geraldo Walter no marketing politico, Waldir ainda ministro e a campanha publicitária difundida no Brasil, “Previdência Deficit Zero”. Quando a campanha foi lançada na Bahia, era o mote para Waldir bom administrador, os partidários de ACM diziam que era tudo mentira.
 
   7. No PMDB uniu-se as forças da direita para conquistar os grotões do interior controlados por ACM levando para sua chapa Nilo Coelho, candidato a vice-governador; e Jutahay Magalhães e Rui Bacelar para o Senado.
 
   8. Lançou de público esses nomes antes do final de 1985 e foi uma grande surpresa no meio político. João Durval então governador da Bahia que substituira Clériston Andrade o candidato a ACM morto num acidente de helicóptero fazia um governo mediano com muitas denúncias de nepotismo e nomeações de apadrinhados no estado. Ele e ACM ficaram sem seus principais aliados, o juracisismo, ainda forte; e o PFL noviço de Rui Bacelar. E mais o ruralismo e o aporte financeiro dos Coelho.
 
   9. Foi a campanha mais longa que a Bahia já experimentou. O final do ano de 1985 e os primórdios de 1986 foram de lançamento da chapa e o primeiro comício aconteceu em Jacobina no 2 de fevereiro. Percorremos o estado de ponta-a-ponta e tinha dois jornalistas que trabalhavam comigo – Rêmulo Pastores e Jadson Oliveira – e mais um conselho formado pela velha guarda que ia de Joca a Florisvaldo Matos. 
 
   10. A Bahia vai Mudar foi o slogan escolhido. Fazia-se, no país, a primeira campanha democrática sem a lei Falcão na TV, tudo aberto e onde se podia falar o que quizesse. E Waldir soltou o verbo na TV e no rádio no horário eleitoral gratuito.
 
   11. Em termos eleitorais a campanha foi um passeio.Waldir elegeu-se com 75% dos votos e puxou os dois senadores derrotando Lomanto Jr que era considerado o mais forte dos adversários e Félix Mendonça. 
 
   12. Seu governo foi um fiasco. Waldir sentia-se perseguido por ACM e José Sarney e achou que para mudar a Bahia tinha que mudar o Brasil. Entrou de corpo e alma na campanha presidencial e acabou como vice-candidato na chapa de Ulisses Guimarães sendo derrotado. 
 
   13. Pior: entregou de bandeja o governo da Bahia a Nilo Coelho, o qual desmantelou toda a equipe de Waldir e fez a sua ao seu modo. Os walldiristas ficaram decepcionados e ACM retonrou ao poder como governador eleito em 1990, desta vez pelo voto direto.
 
   14. Imaginem vocês: Waldir representava anos de luta para derrotar ACM na Bahia cujo poder vinha sendo exercido desde 1967 e depois duas vezes governnador, com um intervalo de 4 anos do governo Roberto Santos (1975/79) e é justamente Waldir com sua aventura quixotesca de ser presidente que permite o retorno de ACM, em 1990, com nova rodada de poder que vai até 2006 quando Jaques Wagner vence a eleição para governador.
 
   15. Daí que, sem governo e sem a presidência, Waldir elege-se deputado federal (1991/1994) (1998/2004) pelo PDT e PSDB até filiar-se ao PT. Perde a eleição para Senado, em 1994, contra Waldeck Ornelas. Participa do governo Lula na CGU e como ministro da Defesa é demitido do cargo, em 2007, na crise dos aeroportos, sendo substituido por Nelson Jobim. 
 
   16. Em 2012, elege-se vereador da capital onde fica até 2016. Já idoso começou a perder alguns raciocínios na tribuna da casa legislativa de Salvador. Manteve-se fiel ao parlamento na defesa da democracia até o último momento. Figura queridissima. Era dos poucos politiicos que podia ir ao cinema sozinho, sem seguranças, ou ao desfile do 2 de Julho.
 
   17. Chegou a um nivel de admiração que até seus erros foram perdoados.
                                                                 ****** 
   18. O governador Rui Costa decretou, nesta sexta-feira (22), cinco dias de luto oficial pelo falecimento do ex-governador Waldir Pires. “A Bahia e o Brasil não perdem apenas um político. Waldir Pires era um exemplo de caráter e retidão, na vida pública e na vida privada”, lamentou o governador. 
 
   19. Rui acrescentou ainda que ele “dedicou boa parte de seus 91 anos à defesa da cidadania e à construção de um  Brasil melhor. Esse legado serve de herança e inspiração para todos nós. Com temperança e coragem, bem ao seu estilo, levaremos adiante seus ideias. Meus sentimentos, em especial à família e aos amigos, e que Deus nos conforte a todos”.
Leo Prates lamenta profundamente
 
   20. O presiente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Leo Prates (DEM), lamentou profundamente o falecimento do ex-governador e ex-vereador Waldir Pires. O político faleceu nesta sexta-feira (22). A Câmara ofereceu o Plenário Cosme de Farias para que o corpo seja velado. 
 
   21. “Waldir Pires é para mim uma referência como homem e político. Como colega da Câmara, ele me ensinou muito de sua experiência na vida pública, engrandecendo a democracia brasileira. Neste momento de dor irreparável para seus familiares, a Câmara de Salvador está de luto”, declarou Leo Prates.
 
   22. O presidente do Legislativo Municipal tem em Waldir Pires um exemplo de honradez e de comportamento ético “que engrandeceu a vida pública brasileira e, sobretudo, a Câmara Municipal, porque mesmo depois de ter sido governador da Bahia ele quis ser vereador de Salvador”.
 
   23, O líder do DEM na Câmara Municipal de Salvador, vereador Alexandre Aleluia, lamentou a morte do ex-governador Waldir Pires. “Perdemos uma figura pública importante na história de nosso estado e também do Brasil. Manifesto meu pesar à família e aos amigos de Waldir Pires”
 
   24. “Com muita tristeza recebo a notícia do falecimento do ex-governador e querido amigo Walder Pires, de quem tive o privilégio de ter sido seu secretário de Justiça e Direitos Humanos. Homem público que dignificou nosso país pela sua luta permanente em defesa da democracia e em busca de uma sociedade mais justa, menos desigual. Fez uma vida pública com absoluta honradez e foi um exemplo de correção que deve ser seguida por todos que participam da atividade política do nosso país”, lamentou o deputado federal Jutahy Magalhães Júnior, que deseja, nesse momento de dor, conforto para todos seus familiares e amigos.
 
   25. O líder da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Luciano Ribeiro (DEM), expressou pesar pela morte do ex-governador Waldir Pires e destacou a sua importância para a história da política na Bahia.
 
   26. “Apesar de militar em campo oposto ao do ex-governador Waldir é impossível não reconhecer a sua relevância para a política baiana e brasileira. Waldir Pires exerceu grande papel de destaque na vida pública, construindo uma carreira vitoriosa. Minha solidariedade aos seus familiares, amigos e admiradores”, afirmou o líder.
 
    27.  É com imenso pesar que recebo, ausente da capital baiana, a notícia do falecimento do ex-governador da Bahia, amigo e colega na Câmara Municipal de Salvador, Waldir Pires. Detentor de uma consagrada carreira política, Waldir destinou seus últimos anos de vida pública à vereança, quando convivi com ele e pude testemunhar de perto o seu culto à democracia. Portanto, manifesto solidariedade à família pela perda irreparável do homem convicto de seus ideais, que teve sua vida pautada pela ética e pelo espírito público.
 
    28. O secretário da Educação do Estado, Walter Pinheiro, com pesar pelo falecimento do ex-governador Waldir Pires, lembra do seu legado na história do País. “Waldir: Referencia e símbolo de uma histórica luta pela democratização”, destaca Pinheiro, ao prestar condolências à família e aos amigos. O governador Rui Costa decretou, nesta sexta-feira (22), cinco dias de luto oficial pelo falecimento do ex-governador.
 
    29. O prefeito do município de Ilhéus, Mário Alexandre Sousa; e o vice-prefeito José Nazal, vêm a público manifestar enorme Pesar pelo falecimento, nesta data, do advogado e ex-governador da Bahia, WALDIR PIRES, que exerceu papel memorável na luta pela redemocratização na Bahia e no País. Também cumpriu, com destaque, mandatos de deputado estadual e de deputado federal, por três vezes, sempre pautando a vida pública no interesse pelos mais pobres. Waldir era um exemplo de homem público para a Bahia e para o Brasil. Considerando a atenção especial que o ex-governador dedicou a Ilhéus e ao seu povo, foi decretado Luto Oficial de três (03) dias no Município.
 
    30. Ao lamentar a morte de Waldir Pires, ocorrida hoje (21/06), o deputado estadual Leur Lomanto Jr. (DEM), lembrou a relação de cordialidade entre o ex-governador e o seu falecido avô, o ex-governador Lomanto Júnior. “Apesar de serem adversários, eles nunca foram inimigos. Disputaram o governo da Bahia em 1962, sendo Lomanto Júnior vitorioso nas eleições. Após encerramento do governo, o meu avô esteve na Europa e na oportunidade o visitou no exílio, ouvindo do próprio Waldir que Lomanto tinha feito o governo que ele havia sonhado em fazer na Bahia. Sempre contavam essa história que eu e minha família lembramos hoje com muito carinho”, enfatizou Leur Jr.
 
   31. O ex-deputado federal Leur Lomanto foi colega de Waldir Pires na Câmara dos Deputados e exalta o legado do ex-governador. “Sempre exerceu a política com ética, dignidade e respeito. Lamentamos o seu falecimento e prestamos solidariedade aos familiares, amigos e admiradores que acompanharam a sua trajetória”, afirmou.
Fonte:Bahia JÁ

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