Babalorixá denuncia clipe evangélico de pastor ex-traficante por intolerância religiosa

“Até quando isso vai acontecer com a gente?”

Vitor Silva
Foto: Reprodução/Instagram/Arquivo Pessoal William Damasceno
Foto: Reprodução/Instagram/Arquivo Pessoal William Damasceno

 

Após um vídeo com a composição de um pastor evangélico viralizar nas redes sociais, adeptos do candomblé se sentiram ofendidos com as palavras ditas na letra da música: “Não tem ‘Exumaré’ e nem ‘Exucaveira’, meu Deus manda em São Tomé e na Engomadeira. Atrás da Cruz, atrás da Cruz, eu profetizo que a Bahia é de Jesus. Fizeram uma ‘macumba’ grande lá em Cachoeira, mas meu Deus deu livramento lá em Cajazeiras”, diz um trecho da canção. 

Em entrevista ao bahia.ba, o pai de santo e presidente da Voz do Candomblé do Brasil, William Damasceno, relatou que deu queixa do pastor no Ministério Público e na 1ª delegacia de Salvador alegando crime religioso. O babalorixá também disse que mesmo com pedido de desculpa, vai manter a acusação e deixar que seja resolvido na Justiça. 

“Ele fez um vídeo, dizendo ele pedindo desculpas, disse que só queria falar da palavra de Deus, eu perguntei que Deus é esse, ele tem alguma procuração de Deus para está discriminando as pessoas dessa forma? Eu não aceito a desculpa, quem pode desculpar ele é o próprio Deus que ele usou para discriminar a nossa religião. Vamos resolver na Justiça sobre o perdão que ele pediu. Ele machucou e feriu os corações dos nossos religiosos e religiosas como eu babalorixá. Ele fez associação de crimes à nossa religião, isso é feio, isso machuca, isso dói na gente. Sou um líder religioso e me senti ofendido com um vídeo desse’, disse. 

O babalorixá criticou a intenção do vídeo em associar a religião ao tráfico de drogas, e também acusou o Portal Realidade, responsável pela produção e publicação do vídeo que já foi apagado após críticas.  

“Vou continuar com a queixa, ele é um ex-traficante, ex-detento, e está se escondendo atrás da igreja. Diz querer a salvação dele, mas só não pode colocar os nossos orixás, a nossa religião associando ao tráfico. O pessoal do portal que fez o clipe com ele disse que não sabia que ele iria usar em cima vídeo, mas eles são culpados também. Se o vídeo tivesse uma repercussão boa eles estariam negando? não queremos desculpas, queremos que os culpados paguem judicialmente. Para eles não fazerem isso com ninguém mais”, afirmou. 

O pai de santo ainda lamentou sobre a associação dos santos como criminosos, e questionou qual seria a reação das pessoas se a bíblia fosse associada à coisas do tráfico. 

“Ele está associando Iemanjá como criminosa, orixá como criminoso. O que é isso? Se fosse ao contrário usar uma bíblia enquanto outro puxa uma droga? Puxar uma arma para matar alguém? Por que eles não fazem isso? Até quando isso vai acontecer com a gente? Ele usa a palavra de Deus para disseminar o ódio? fiquei sem dormir, outras pessoas também, isso feriu a minha dignidade”, desabafou. 

Fonte: bahia.ba

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