Chamado de “juiz ladrão”, Moro abandona CCJ e sessão é encerrada

O hoje ministro da Justiça teve divulgadas supostas conversas que teria tido, quando juiz, com procuradores sobre a Operação Lava Jato

Gabriela Biló/Estadão ConteúdoGABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO

Pouco depois das 21h30, contudo, após sete horas de audiência, o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) começou a sua explanação dizendo que não faria perguntas a Moro. Segundo o parlamentar, o ministro da Segurança Pública não responderia a nenhuma das indagações feitas por ele de qualquer forma. “Então, vou apenas fazer uma analogia”, disse Braga.

Dessa forma, Braga citou um jogo de futebol onde um suposto juiz marcaria um pênalti indevido. Diante do comentário, alguns parlamentares da base já demonstraram irritação. Ao final, o deputado do PSol protagonizou uma discussão acalorada, quando chamou Moro explicitamente de “juiz ladrão”.

Parlamentares do PSL e de outros partidos governistas ficaram inconformados e partiram para cima de Braga.

Com dedos em riste e aos berros, Glauber Braga exigia respeito. Diante da confusão instalada, seguranças tiveram de intervir, a fim de evitar que os parlamentares chegassem às vias de fato.

Moro foi retirado da comissão, sob coro de “ladrão” pelos deputados que fazem oposição ao governo de Jair Bolsonaro.

A sessão chegou a ser encerrada oficialmente, e Moro deixou a sala. Poucos minutos depois, entretanto, a pedido da base governista, a sessão foi retomada, mas sem a volta de Moro. Às 21h45, a deputada Professora Marcivânia (PCdoB-AP) encerrou oficialmente a reunião, alegando que Moro tinha ido embora “sem esperar o desenrolar da situação”.

Logo depois da confusão, o petista Paulo Pimenta (RS) afirmou que a oposição apresentará novo requerimento para convocar Moro. O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), porém, afirmou que não pautará para votação nenhum novo requerimento, porque teria sido impedido por Porfessora Marcivânia de reassumir o comando da sessão e eventualmente encaminhar a volta do ministro para o fim da audiência.

“Um deputado despreparado, que não guarda o decoro parlamentar, fez ofensas inaceitáveis. Tivemos que encerrar a sessão e a culpa é desse deputado, totalmente despreparado. Glauber, acho, Glauber alguma coisa. Sabe Deus de onde veio isso aí.”

“Revanchismo”

Já no fim da tarde, depois de aproximadamente quatro horas de sessão, Moro desabafou, adotando mais uma vez o discurso da vítima de ataques pela participação que teve como juiz na operação de combate à corrupção:

“Existe aí muito revanchismo. Tenho certeza (de que), se, durante a condução da Operação Lava Jato, eu tivesse me omitido, tivesse deixado a corrupção simplesmente florescer, virado os olhos para o outro lado, não sofreria os ataques que sofro atualmente.”

“Nós não vamos tomar nenhuma providência contra a liberdade de imprensa, nós respeitamos, mas podemos criticar”, afirmou o ministro, que indicou que o governo não processará os veículos de comunicação que publicaram com o site The Intercept Brasil as conversas vazadas.

“Algumas podem ser minhas”

“Eu não reconheço a autenticidade dessas mensagens, eu não as tenho mais no meu celular. Algumas até podem ser minhas, mas podem ter sido adulteradas total ou parcialmente’, afirmou.

“Ao que me parece é que alguém com muito recurso está por trás disso. O objetivo é invalidar as condenações da Lava Jato e impedir novas investigações”, disse o ministro, após afirmar que seu celular foi invadido por hackers.

Fonte: Metrópoles

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