Com 131 anos de tradição em Santo Amaro, Bembé do Mercado pode não ocorrer em 2020

por Lula Bonfim

Foto: Georgenes Sampaio

O Bembé do Mercado, tradicional celebração candomblecista realizada em Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, pode não acontecer em 2020, devido às medidas de contenção à proliferação do novo coronavírus. Nesta quinta-feira (7), a prefeitura se reunirá com representantes de terreiros do município para decidir se os festejos, também conhecidos como Festa de Preto ou Candomblé da Liberdade, irão ou não ocorrer.

Segundo apuração do Bahia Notícias, o prefeito de Santo Amaro, Flaviano Bomfim (DEM), inicialmente defende do cancelamento da celebração, visto que o município possui dois casos confirmados da Covid-19. Entretanto, parte da população pressiona para que ao menos a parte religiosa da festa seja mantida, proibindo bandas e comércio de produtos, que dariam volume ao Bembé. Na reunião de quinta, o martelo deve ser batido.

O Bembé do Mercado costuma ocorrer anualmente, desde 1889, durante alguns dias a partir de 13 de maio, em comemoração à abolição da escravatura e à resistência dos povos negros no Brasil. A tradição dos festejos conta com 44 terreiros de candomblé e envolve apresentações culturais, como samba de roda, capoeira e balé afro, além de rituais religiosos, como a entrega do presente a Yemanjá, que encerra as celebrações.

Próxima de completar 131 anos, a festa foi reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural do Brasil em junho de 2019. Antes, em 2012, o Bembé também foi declarado patrimônio imaterial da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac).

O santamarense Caetano Veloso chegou a compor uma música em homenagem ao Bembé, com os versos “Dia 13 de maio em Santo Amaro / Na praça do mercado / Os pretos celebravam / Talvez hoje ainda o façam / O fim da escravidão”. Você pode ouvir a música abaixo:

SUPERSTIÇÃO

Conforme publicação do Ipac sobre o Bembé do Mercado, a festa foi proibida em 1956 por um delegado da cidade e, pouco tempo depois, ele e sua família faleceram em um acidente automobilístico. Mesmo após a morte, o impedimento foi mantido e uma sequência de tragédias se seguiram no município, como explosões e enchentes. Além disso, os pescadores reclamavam de um volume menor de peixes.

Por esses motivos, ainda hoje, muitos santamarenses acreditam que a não realização do Candomblé da Liberdade pode levar catástrofes ao município e seus habitantes.

Fonte: Bahia Noticias

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