Já pensou morar em um país sem impostos? Conheça Liberland, o sonho libertário
Grupo de pessoas luta pelo reconhecimento internacional do país
Já pensou viver em um país livre de impostos, onde não exista Estado e todos os serviços sejam privados? Talvez esse não seja o sonho de todos, mas com certeza é o desejo de muitas pessoas. E talvez, esse sonho não esteja tão distante assim.
Em 2015, o ativista libertário anarcocapitalista Vít Jedlicka, juntamente com os seus amigos, descobriu um território sem dono entre a Sérvia e a Croácia – a área não foi reivindicada por nenhuma nação após a separação da Iugoslávia – e lá fincou uma bandeira e começou a lutar para transformar o seu sonho em liberdade, dando início a Liberland.
O país ainda luta pelo reconhecimento internacional e vem conquistando avanços importantes nos últimos cinco anos. Eleito pelos amigos como presidente, Vít Jedlicka costuma fazer pronunciamentos no YouTube para atualizar as pessoas sobre as novidades do país que ainda não é habitado.
Segundo o site de Liberland, mais de 500 mil pessoas já solicitaram a sua cidadania para viver no país livre de impostos. Desse total, aproximadamente 10 mil são brasileiros. No entanto, esse sonho não poderá ser realizado por todos. O motivo é que o país, caso seja consiga o reconhecimento internacional, será o terceiro menor país do mundo. Com 7 km de extensão, Liberland só é maior que Mônaco e o Vaticano.
Com o lema “Viva e deixe viver”, os requisitos para solicitar a cidadania no país é respeitar a propriedade privada e não ter antecedentes criminais e com movimentos comunistas e nazistas. Na economia, simplesmente não existe o Estado, por isso, não há cobrança de impostos. Sendo assim, todos os serviços são privados. Liberland também já possui uma moeda e é o Bitcoin.
De acordo com as ideais de Jedlicka, o Estado atuaria apenas nas áreas de justiça, segurança e diplomacia. No modelo libertário, a sociedade toma suas próprias decisões. Com isso, a política fiscal seria baseada em um modelo voluntário, onde o pagamento de taxas seriam como doações: livre e espontâneo. Segundo o presidente, as pessoas darão ao governo o que elas quiserem, pois o Estado nunca deve obrigar nenhum cidadão a fazer algo contra a sua vontade.
Bandeira
A bandeira possui o fundo amarelo, simbolizando o libertarianismo e mercado livre, com uma faixa preta horizontal no centro, simbolizando menos governo e anarquia, e o brasão de armas no centro. Dentro do brasão de armas, a ave representa a liberdade, a árvore representa a prosperidade, o rio azul representa o rio Danúbio e o sol representa a felicidade.
Diplomacia
O caminho em busca do reconhecimento internacional, no entanto, nem sempre foi tranquilo. Em 2016, Vít Jedlicka chegou a ser proibido pela Croácia de entrar em Liberland. Pelo visto, o país não estava satisfeito de ter um vizinho em que a população fosse armada. Porém, ao reconhecer o limite da sua fronteira, Jedlicka usou a situação como um argumento ao seu favor e disse que isso provava que aquele território de Liberland não pertencia a Croácia.
Atualmente, o caminho parece andar com mais tranquilidade e eles já estão até emitindo passaportes. O presidente do pequeno país tem viajado para diversas regiões do mundo apresentando seu projeto de nação libertária. No fim de 2016, ele esteve no Brasil e participou do 3º Fórum Liberdade e Democracia de São Paulo, com o tema “Em busca de uma Sociedade Aberta”. Em Brasília, Jedlicka se encontrou com senadores brasileiros para promover Liberland, entre eles o então vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Valdir Raupp.
Em 2019, Liberland obteve o reconhecimento da Comissão Europeia como nação independente. Além disso, tem fortalecido os laços com a província autônoma de Vojvodina, na Sérvia. Em junho deste ano, o presidente Vit Jedlicka se reuniu com funcionários da província e líderes políticos da região para realizar a segunda doação de equipamentos para a Escola Técnica de Apatin.
O micropaís também já possui escritórios em diversas partes do mundo e em todos os continentes. Recentemente, abriram um novo escritória na Suíça. Aqui na América do Sul, Liberland conta com escritórios na Argentina, Paraguai, Equador e Uruguai. Desde o ano passado, o país sonha e trabalha para abrir um escritório no Brasil também.
Jedlicka garante que pretende permanecer no cargo apenas durante o período de missões diplomáticas, até que o país seja reconhecido internacionalmente. Em seguida, ele diz que irá se aposentar e o país não terá mais um presidente.
Fonte: Bahia.ba