Policial militar: Gay sofre punição após vídeo sobre sexualidade: “Sem compostura”Veja

Reprodução / Instagram
O policial militar Henrique Harrison foi punido com uma repreensão após publicar um vídeo no canal dele no YouTube, no qual comenta questões sobre como ingressar nas carreiras de segurança e como a homossexualidade é tratada em ambientes militares. O acúmulo de sanções iguais pode representar a expulsão da corporação.

Na nota de punição enviada ao soldado constam dois motivos que justificariam a repreensão. A infração aos artigos 40, que fala sobre “portar-se de maneira inconveniente ou sem compostura”, e 59, sobre “discutir ou provocar discussão por qualquer veículo de comunicação, sobre assuntos políticos ou militares, exceto se devidamente autorizado”.

“O Ministério Público fez denúncia contra quatro PMs pelo crime de homofobia. A CLDF [Câmara Legislativa do DF] pediu que fossem investigados pela PM, isso em 2020, esses procedimentos não andaram. Quando é comigo, eu perco a arma, sou punido em menos de dois meses e abrem sindicância por eu denunciar”, reclama o PM.

Atualmente, o soldado encontra-se afastado com laudo psiquiátrico por causa da depressão e ansiedade por conta do episódio. A cautela da arma foi devolvida depois de a corporação retirar temporariamente o porte dele sob a alegação de que o revólver aparecia no fundo do vídeo alvo do processo. “Minha saúde foi embora por ser perseguido pela minha sexualidade. Lembrando que aqui estou falando como civil, não é assunto militar e nem político. É existencial”, diz.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) foi procurada na noite desta terça-feira (6/7) e a resposta será adicionada na reportagem assim que for enviada.

Porte da arma havia sido retirado antes do casamento

O militar tinha sido notificado sobre a decisão na véspera do casamento civil com o companheiro, Jadson Lima, que ocorreu no dia 10 de fevereiro.

“Postei um vídeo para incentivar pessoas a passarem pela jornada que passei. Nesse vídeo, viram que havia uma arma na bancada da minha casa e alegaram isso para fazer a acusação. Ninguém perguntou se era a minha arma ou um simulacro, por exemplo. Mas no caso da pessoa que me ameaçou, por exemplo, ela não perdeu o porte de arma. Policiais o tempo todo postam vídeos limpando a arma, manuseando-as em casa, e nenhum é punido. Por que apenas eu tenho de ser punido?”, disse ao Metrópoles na época.

Para o soldado, a sexualidade pode ter sido o motivador para a abertura do processo de sindicância interna, mesmo após ter sido apontado como policial destaque do batalhão em que está lotado.

“Eu sei que é uma perseguição por causa da minha orientação sexual, e eu recebo isso na véspera do meu casamento. Eu amo estar na Polícia Militar, posto fotos em todos os lugares mostrando como sou feliz na profissão que escolhi, mas realmente é muito difícil trabalhar num lugar em que muitas pessoas estejam tentando te colocar para correr. Eu não faço nada de errado nas minhas ocorrências, fui policial destaque no batalhão em que trabalho. Estão buscando qualquer coisa para me punir”, desabafa Harrison.

Como o caso ganhou a imprensa nacional, o policial ficou impedido de dar declarações para os jornalistas. “Mesmo que eu esteja ‘calado’, não se calem”, escreveu o militar em sua conta no Instagram.

Fonte: Metrópoles

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