‘Reação de Flávio parece a de Aécio e a de Lula’, diz Janaína Paschoal

Foto: Sergio Castro/Estadão

Janaina Paschoal

A advogada, professora universitária e deputada estadual do PSL Janaína Conceição Paschoal, eleita com mais de dois milhões de votos, disse ao Estado, em entrevista na última segunda, 21, que o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, “tem todo o direito à defesa, a entrar com todas as medidas, mas me parece complicado ver uma reação parecida com a que foi a do Aécio (Neves), e com a que é a do Lula até hoje”. Disse, ainda, que “foi um erro” o senador ter concordado com o pedido ao Supremo Tribunal Federal para que suspendesse a investigação, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, concedido em liminar do ministro Luiz Fux. “Foi um erro, porque ainda que não tenha nada errado, isso gerou uma situação, um sentimento, ‘poxa, por que ele não explica logo?’. E é um sentimento legítimo”, explicou. “O sigilo sobre a investigação não pode haver”, disse a deputada. “Vamos imaginar que haja alguma coisa errada com o senador. Se isso tivesse aparecido antes da eleição, ele provavelmente não teria sido eleito”. A deputada também falou sobre o momentoso caso do filho do general da reserva Hamilton Mourão, vice-presidente da República, promovido com o triplo do salário no Banco do Brasil, que já havia criticado de passagem em sua conta do Twitter. “Fiquei chocada”, disse na entrevista. “Não pela promoção em si, porque não é ilícito, mas porque é incompatível com o que a gente quer. Mostra mais permeabilidade do que deveria haver. Não deveria nem passar pela cabeça do general”. A parlamentar mais votada para o legislativo estadual contou ao Estado que viu “muita vaidade, muita disputa de poder” no processo de montagem do novo governo. “Assustador”, definiu. Sobre os deputados do PSL e de outros partidos da base do governo que foram recentemente à China, a deputada disse, sem especificar nomes, que “esse pessoal está com palhaçada”. Janaína Conceição Paschoal tem 44 anos e também é professora do curso de Direito da Universidade de São Paulo, no momento licenciada. Acabou de passar uma temporada curta nos Estados Unidos, com a família, mas é avessa a informações sobre a vida pessoal. Entrou para a história, como se sabe, por ter sido um dos advogados que pediram o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os outros dois foram Miguel Reale e Hélio Bicudo, este recentemente falecido. Bicudo foi um dos consultados quando a política partidária bateu à porta da advogada. “Não entre nesse mundo, não é para você”, disse a ela, segundo contou na sala de reuniões do escritório que divide com duas irmãs igualmente advogadas, na rua Pamplona, a algumas quadras da avenida Paulista. “Eu ainda tenho dúvida se o mundo político partidário é para mim”, afirmou. Está a três semanas da posse na Assembleia Legislativa (94 deputados), e é uma das anunciadas candidatas à presidência. “Será muito difícil ganhar”, disse, apontando que irá disputar. Contou, mesmo assim, que no passado final de semana, o pai, de 65 anos, incomodado com as primeiras semanas do novo governo, perguntou a ela se não iria sair de PSL. A deputada foi consultar a legislação, o que continua fazendo.

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